SONETOS DE AMOR MORDIDO
Antero de Quental, por Columbano Bordalo Pinheiro
11. A ANTERO DE QUENTAL
Lembraste ao sol poente que levasse
no ocaso desse dia as tuas mágoas
p´ra as afogar no silêncio das águas,
onde ninguém, nem tu, as encontrasse...
Esqueceste que o sol gira e reaparece
do outro lado da vida cá da gente,
de volta nos trazendo mais pungente
a dor que nem de noite se adormece...
Vinda do mar profundo te acordou
essa dor que, magoando, te levou
grande grito de morte ao coração
que na mão de Deus já descansaras,
quando, feito criança, lhe confiaras
em noite de breu, a tua solidão...
Camilo Martins de Oliveira