Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Dos desafios não teve medo, vestiu o seu universo cumprindo na saliência dos penhascos a palavra que poucos diriam. No pós-guerra alemão nunca se cansou de satirizar a motivação que levou à reconstrução dos países beligerantes na terra que se houvera feito palco de sangue de irrecuperáveis vidas. Não sei explicar de outro modo, mas julgo que G. Grass se habituou a zonas ermas. Este Nobel da Literatura em 1999, não partiu esta segunda-feira sem que escrevesse um poema à Grécia actual recordando que fora ela que “concebera” a Europa. O poema, intitulado, em português “A Vergonha da Europa” foi escrito em 2012. Carlos Leite deu-lhe esta tradução:
À beira do caos porque fora da razão dos mercados, Tu estás longe da terra que te serviu de berço.
O que buscou a Tua alma e encontrou rejeita-lo Tu agora, vale menos do que sucata.
Nua como o devedor no pelourinho sofre aquela terra a quem dizer que devias era para Ti tão natural como falar.
À pobreza condenada a terra da sofisticação e do requinte que adornam os museus: espólio que está à Tua cura.
Os que com a força das armas arrasaram o país de ilhas abençoado levavam com a farda Hölderlin na mochila.
País a custo tolerado cujos coronéis toleraste outrora na Tua Aliança.
Terra sem direitos a quem o poder do dogma aperta o cinto mais e mais.
Trajada de negro, Antígona desafia-te e no país inteiro o povo cujo hóspede foste veste-se de luto.
Faleceu no Uruguai este escritor para quem a realidade eram as zonas invisíveis. O mundo são histórias e não hiatos, dizia. “Veias Abertas da América Latina” será um livro de geração? Eduardo Galeano odiava espelhos pois multiplicavam as pessoas e, no entanto, teremos sempre o espelho que começa com Adão e Eva e vem até aos dias de hoje, nos 600 relatos breves em releituras que Eduardo faz da história. Partem no mesmo dia dois escritores diferentes, mas para ambos o chão foi sempre abruto e irregular, lá até à extrema terra de onde nos disseram adeus.
As senhoras competem entre si com as cores azulinas das duas universidades desde o ano 1927, mas só agora remam no Thames River que as rivais equipas masculinas disputam desde 1829. A segregação é algures decifrada por um Cambridge rowing captain com famosa “anatomical impossibility”. As 2015 Boat Races eliminam o river wall.
O true blue oxoniano conquista a double win, por iguais 19 secs remados no feminino e no masculino. — Ne pas ouvrir un magasin, sauf si vous savez comment sourire! Na campanha eleitoral, o Labour aposta na fiscal credibility face a caos que lhe apontam os Tory. O mistério envolve o London diamond district, após espantoso roubo a caixa forte no Hatton Garden. Dos assaltantes só restam imagens na CCTV. Já o terror passeia no Surrey sob a visão de um Dallas a acompanhar a descoberta local de petróleo. — Hmm. Set a thief to catch a thief. O Isis completa a obra de cultural cleaning em Nimrud. Para a história fica o aperto de mão entre os presidentes Barack Obama e Raúl Modesto Castro. após décadas de estéril hostilidade na Latin America. Mrs Hilary Clinton, “candidate naturelle du Parti démocrate” segundo o jornal Le Monde, confirma por video-tweet a candidatura à POTUS em 2016. O Nobel Prize Herr Günter Grass parte aos 87 anos e lega particular leitura.
Chilly weather around, em semana de exposição dos manifestos partidários à eleição de May 7. Os trabalhistas apresentam em Manchester o seu Labour’s Manifesto Budget Responsibility com um magnífico discurso de RH Ed Miliband, finalmente alargando o foco ao eleitorado cético do middle ground. O documento de 86 páginas sistematiza as políticas de balanceamento do capital e do trabalho na orientação governamental, com equilíbrio das finanças públicas, mas seladas por jura de redução do défice sem aumentar a dívida. Por outras palavras: com dinheiro de impostos sobre as fortunas. O tom do Leader of HM Opposition personaliza-se: “Over the last four and a half years, I have been tested. It is right that I have been. Tested for the privilege of leading this country. I am ready. Ready to put an end to the tired old idea that as long as we look after the rich and powerful we will all be OK. Ready to put into practice the truth that it is only when working people succeed, that Britain succeeds. If you elect me as your Prime Minister in just over three weeks’ time: I will work for that goal. I will fight for that goal. Every single day. In everything I do. In every decision I make. I know Britain can be better. The British people know Britain can be better. Together, let’s make it happen”.
O projeto distancia-se da Tory Austerity com cortes na despesa estatal e acerca-se da estratégia orçamental dos Liberal Democrats. Uma diferença avulta. Se o Lab quer reduzir a monumental dívida de triliões, e subir o salário mínimo na caça aos zero hours contracts, o partido liderado por RH Nick Clegg visa “an extra £6bn in tax rises and £6bn from tax dodgers” para eliminar o défice estrutural. O efeito destas promessas pesará em breve. No entretanto, o General Election tracker permanece com variação às décimas e robusta probabilidade de um hung parliament. Labour – 33,8%; Conservatives – 33,2%; Ukip – 13,8%; Lib Democrats – 8,3%; e Greens – 5,2%. A norte, todavia, o SNP soma ganhos regionais com implicações nacionais: 47%, ou 53 lugares em Westminster. Faltam 23 dias para o decision day.
Na partida para a eternidade de Herr Günter Grass, recorde-se que o Nobel Prize de 1999 e um dos speechwriters do German chancellor Willy Brandt é o autor do inquietante The Tin Drum — obra que revela algo dos fantasmas a rondar a casa comum europeia. Além Atlantic, Mrs Hilary R Clinton confirma que a aposta democrática é ter a white woman após a black President no Oval Office. Ora, provando que o homem pode até fazer tudo, Mr Kevin Spacey canta na Royal Opera House de London como nunca visto no Old Vic e de novo o protagonista da House of Cards encanta ao receber das maõs de Dame Judi Dench um merecido Special Olivier Award. — Well. Always examine what is said, not simply her or him who speaks.