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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

PORVENTURA VERSOS

27.

Porventura versos 27.JPG


São submissas as palavras, sim

São

Não as leste tu conforme

Teu coração? 

 

São submissas as palavras, são

Senhoras do inteiramente impossível

Com que se dão

À espera do mundo as ler

 

Numa travessia de interpretação

Permitida

A quem ousa ou não

Levá-las

Às travessias

 

A oeste do destino

 

Lá onde o significado do momento

Ou do eterno

Num haver-se realizado por várias formas

Vive num arquipélago a sul do equador

Do amor errante

 

Até ser tempo

 

Para de novo abrir os olhos

E esclarecer-se na esperança

De arder lenha, despedidas e segredos

 

Sonhando e crendo

Não serem submissas

As palavras

Com que ainda hoje te escrevo

 

 Meu cupido não puro

De tão amado

Que nem o céu te quis na expedição

Das inexactidões

 

Aquelas tão inebriantes

De verdades

Aproadas

Conhecidas

Das palavras submissas

 

Ou não fossem caravelas

De dias e anos consentidos

Por correntes que atrás não voltam

Para não naufragarem mais amores

 

Na viagem

 

Naquele périplo

Em que há que tomar uma outra via

Da vida

Mesmo lhe não dando inteiro crédito

 

E volto a dizer-te, vem

Vem sem derrotas

Ler

A terra firme

Das palavras submissas

Indícios de muitas pressas

 

É certo

Mas testemunhas das léguas precisas

Ao título

De um poema

 

M. Teresa Bracinha Vieira

2015