PORVENTURA VERSOS
27.
São submissas as palavras, sim
São
Não as leste tu conforme
Teu coração?
São submissas as palavras, são
Senhoras do inteiramente impossível
Com que se dão
À espera do mundo as ler
Numa travessia de interpretação
Permitida
A quem ousa ou não
Levá-las
Às travessias
A oeste do destino
Lá onde o significado do momento
Ou do eterno
Num haver-se realizado por várias formas
Vive num arquipélago a sul do equador
Do amor errante
Até ser tempo
Para de novo abrir os olhos
E esclarecer-se na esperança
De arder lenha, despedidas e segredos
Sonhando e crendo
Não serem submissas
As palavras
Com que ainda hoje te escrevo
Meu cupido não puro
De tão amado
Que nem o céu te quis na expedição
Das inexactidões
Aquelas tão inebriantes
De verdades
Aproadas
Conhecidas
Das palavras submissas
Ou não fossem caravelas
De dias e anos consentidos
Por correntes que atrás não voltam
Para não naufragarem mais amores
Na viagem
Naquele périplo
Em que há que tomar uma outra via
Da vida
Mesmo lhe não dando inteiro crédito
E volto a dizer-te, vem
Vem sem derrotas
Ler
A terra firme
Das palavras submissas
Indícios de muitas pressas
É certo
Mas testemunhas das léguas precisas
Ao título
De um poema
M. Teresa Bracinha Vieira
2015