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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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ALARME EM PALMYRA

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As notícias são tremendas. Acaba de ser dinamitado o templo de Baal em Palmyra.
Trata-se de um atentado inominável contra a memória humana. A cidade de Palmyra é das mais ricas do mundo em arquitetura clássico-romana, tendo sido classificada pela UNESCO como património da humanidade.
É preciso que as opiniões públicas exprimam condenação por este ato que se soma à catástrofe humanitária sem precedentes que se verifica com os refugiados da Síria.

Publicamos o apelo da UNESCO:
http://www.unesco.org/new/en/media-services/single-view/news/unesco_director_general_calls_for_immediate_cessation_of_hostilities_in_palmyra/#.Vdw80yVVikp

LONDON LETTERS

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Die Weimarer Klassik, 1750-2015

E agora um novo salto até Heidelberg (Deutschland), a Hause da imprensa e do romanticismo. A cidade do Rhine-Neckar Valley permanece distintiva, senão mesmo original no seu estilo assumidamente barroco, tal qual descrita pelos líricos que dela fazem um centro inteletual europeu a partir do tardio 18th century até à trágica era do Weimarer Klassik cuja síntese cultural nos 30s todos sabem como acaba. — Chérie! C'est le ton qui fait la chanson.

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O burgo é como que uma ilha no imenso verde das montanhas do estado de Baden-Württemberg. Esta é a região temperada do sul teutão, parcela do ancestral Holy Roman Empire conhecida como County of Palatine the Rhine (Kurpfalz), por acolher os Kurfürsten ou príncipes eleitores que durante séculos governam um território então estendido à ora francesa Alsace. — Hmm! If it isn't broke, don't fix it. A onda migratória ganha por cá gradual atenção no espaço e comentário mediáticos. Depois da crise financeira e seus efeitos nos níveis de desemprego e de emigração compulsiva nas periferias, a European Union permanece indecisa quanto ao que fazer com o crescendo das gentes que a si rumam e entram portões adentro. As nuvens adensam-se também em Beijing. O Libé fala em “La grand menace de Chine” às bolsas. Já os relatórios & contas das grandes empresas no UK passam a incluir um balanço sobre o gender pay gap.

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Heidelberger Schloss (Gerrit Berckheyde, 1670). 

German Summer em Heidelberg. Um dia é quente, um outro é fresco e o seguinte goes somewhere between. A oscilação quase reflete os ciclos históricos em torno da floresta negra. Aliás, a complexa história europeia passa sempre por aqui. Basta recordar que, meio século ido da Peace of Westphalia (1648), o imponente castelo sobranceiro ao burgo é destruído uma vez e outra pelos exércitos de Louis XIV de France. Entende Le Roi-Soleil ter direito hereditário ao palatinato e assim começa uma querela secular destinada a ciclicamente cobrar temido tributo de sangue. Do estabelecimento da universidade em 1386 à coroação de Ruprecht III em 1400 como King of Germany e mesmo à imposição do Calvinism em 1563, a região influencia os destinos da Mitteleuropa e com esta segue a dinâmica continental. A sensibilidade aos ventos é ainda visível no século passado. A cidade assume-se como bastião do Nazi Party em 1933. Chove no Rhein/Rhin. Só a academia logo perde 1/3 dos professores, por não preenchimento físico das arianas caraterísticas requeridas pelo Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei (NSDAP) içado ao poder. Muito mais sobrevém com a radicalização do nacionalismo.

O debate político local anda interessante, com a Bundeskanzlerin Angela Merkel sobretudo dividindo-se entre os encontros europeus, sessões parlamentares e um qualquer Bürgerdialog. A urbana tranquilidade tudesca estremece com recentes liberalidades da Senhora. Direto ao assunto: o alemão comum pensa dos Greeks algo como o colega Abdullah pensa do toucinho. Para não haver dúbias interpretações: ele é Saudita. — Ja, klar! Obscuro é o fundo da tela. Existe aqui curiosa perceção de o Sul continental ser…, escrevamo-lo: lazy! Quando se explora esta ideia, porém, cedo se conclui que se baseia em indefinidas diferenças culturais mas não em algo concreto ou objetivo. Berço de grandes sociólogos como Max Weber ou Robert Michels, acaba por algures impressionar a leveza das opiniões teutónicas acerca dos vizinhos ribeirinhos. Ainda assim, Frau Merkel teve de usar algum do seu capital partidário para debelar uma quase rebelião no murmurante Bundestag e passar voto favorável a novo resgate financeiro a Athens.

Deutschland, a nova Alemanha reunificada sobre as cinzas da DDR, está confiante e aposta em crescimento baseado na produção por enchente, barata e qualificada mão-de-obra exportada pelos países em dificuldades. Se o jogo político de Berlin é o da submissão dos divididos interlocutores na European Union ou é simplesmente ir gerindo as vantagens competitivas nacionais, aparentemente o cidadão médio dispensa aqui detalhes dos seus representantes em matéria de política externa. O conforto é uma nota dominante; por isso – Why bother yourself!? No entretanto, depois do itálico herói Renzo, eis o Süddeutsche Zeitung em ensaio para recriar a narrativa helénica, ao discorrer sobre o “Phönomen Tsipras.”

Já no United Kingdom, com HM Government sozinho em casa e a liderança do Labour Party ainda por decidir, o clear front runner RH Jeremy Corbin conquista apoiantes também nos demais partidos. Agora é a vez dos Greens se entusiasmarem com o honorável red hat, justamente quando o universo partidário sobe para os 610,000 após a inscrição de mais 164,000 apoiantes só nas últimas 24 horas antes da saída dos cadernos eleitorais. Ora, invocando o céu trabalhista de Keir Hardie e Clement Attlee, na edição de hoje do Independent surge um convite de RH Caroline Lucas, a Green MP for Brighton Pavilion, para nova definição da esquerda britânica: — Jeremy, I can help you build a progressive majority.

St James, 25th August            

Very sincerely yours,

V.