LONDON LETTERS
A surprising Summer of Politics, 2015
Euforia nas alas esquerda e direita, com ceticismo ao centro. A radicalização do espetro político britânico acentua-se com o alvoroço no Labour Party. Mr Jeremy Bernard Corbyn conquista a liderança e ganha também uma guerra civil com os
Blairites, no meio de uma chuva mediática sentenciando o óbito dos trabalhistas. — Chérie! Il ne faut pas brûler la chandelle par les deux bouts. A divisão ultrapassa a clivagem new/old leftism, dada a esmagadora maioria do Corbysm nas primárias. Os seus 60% de votos denotam a fenda existente entre as bases e uma elite residente no distrito de Westminster. — Well. The unexpected is no longer unthinkable. A espécie humana tem novo ramo na árvore de família: chama-se Homo naledi, situa-se algures entre o Homo erectus e o Australopithecus, tem 2,5 milhões de anos e aparece na South Africa. Elisabeth II comemora a entrada na história com o mais longo reinado de sempre inaugurando um caminho de ferro entre England e Scotland, o primeiro em novo século. A Northern Ireland oscila na via da paz com o retorno do ido IRA. A Oxford Chabad Society deseja a todos "a happy, healthy, prosperous and sweet" Rosh Hashanah Jewish New Year.
Indian Summer em London. O ambiente azulado suaviza o vermelho da Press de todos os quadrantes e ainda dos cartazes na envolvente. A cidade recebe grande manifestação de apoio aos refugiados, cenário de Parliament Square logo transformado em palco para a nova rock star do burgo: nenhum outro senão o eleito HM Opposition Leader havia poucas horas neste Saturday — Mr Corbyn, naturally. Apresentando-se como democratic socialist e comummente etiquetado como serial rebel, Jez parece ser omnipresente nas primeiras páginas dos jornais e nos influentes espaços de comentário radiotelevisivo. Dos RHs Boris Johnson e Michael Gove a Lord Peter Mandelson, todos debitam sobre quem é e ao que vem o Old Labour. Mesmo os privados emails aderem à Corbymania, a par das bad news sobre a derrota dos Ashes face a Australia e das good news sobre a 10th Grand Slam de Mr Novak Djokovic após vitória 6-4, 5-7, 6-4, 6-4 sobre Mr Roger Federer no US Open.
Os media denotam a escala do red political earthquake. Nem a visita do Prime Minister David Cameron a um campo libanês de refugiados, paredes meias com a guerra ao Isis na vizinha Syria e em plena declaração do estado de emergência na Schengen Area (com o regresso do controlo de fronteiras na Germany e Austria), lhes afasta o olhar. Jeremy aqui, Corbyn ali, mais Jez. Há a história do rebelde MP por Islington North, o guia das causas do contestatário, a vida privado do sedutor… até a proximidade aos filhos na campanha que o conduz ao leme do Labour. Escrevem-se conselhos e profeciam-se catástrofes! Confesso que a pergunta é inocente: Quem tem medo deste senhor de 66 anos na nova trincheira doméstica contra as políticas de austeridade?
Mr Jim Broadbent regressa finalmente aos palcos e logo para protagonizar o velho Scrooge numa nova versão de A Christmas Carol, adaptada por Mr Patrick Barlow (o Will Kempe de Shakespeare in Love, 1998). O anúncio sobre o clássico dos clássicos de Mr Charles Dickens envolve referências ao conto moral sob as palavras “greed, grief, ghoulish ghosts and 11th-hour redemption,” dimensões que remetem para os mais conhecidos papéis do Academy and BAFTA Award-winning actor na cinematografia popular, como em The Iron Lady (o husband Denis Thatcher, 2011) ou na série do Harry Potter (o teacher Horace Slughorn).
As lições scroogeanas envolvem desde o overworked, underpaid clerk Bob Cratchit e a benevolent Mrs Fezziwig na visita do Ghost of Christmas Past até à famosa bênção de Tiny Tim no encerramento com o "God bless us, everyone!" As memoráveis personagens estarão neste Winter no secular Noël Coward Theatre, em West End (Lon), com as sessões de St. Martin's Lane entre November 30, 2015 e January 30, 2016. O agendamento convida a reler o livro de 1843 e a desde já revisitar conhecida opinião da malthusiana, parda e egoísta figura no escalar europeu da crise dos migrantes. — “If they would rather die, (...) they had better do it, and decrease the surplus population.”
St James, 14th September
Very sincerely yours,
V.