PAPA FRANCISCO: a audácia da fé.
A esperança de ainda podermos nomear o mundo.
Depende imenso de nós todos a grandeza de uma ideia ser vida. Um dia, um fio branco de luz acenou à janela de quem o quis saber vivo e actuante. Jorge Bergoglio, a diferença que fez e faz História e nos propõe um caminho.
“Se a política deve estar verdadeiramente ao serviço da pessoa humana, não pode ser escrava da economia e das finanças”
O primeiro discurso do Papa Francisco no Congresso norte-americano foi um discurso ao fim da noite que o mundo vive. E todos os seus dias têm sido uma luta contra a doença aceite pela humanidade e que a não faz parecer gente. A morte dos valores fulcrais da dignidade do ser humano tem sido a companhia dos vivos em plena macaqueia de nevoentas posturas.
"As nefastas consequências de um desgoverno irresponsável da economia mundial, guiado apenas pela ambição de lucro e de poder, devem ser um chamado a uma severa reflexão sobre o homem: ‘O homem não se cria a si mesmo. É espírito e vontade, mas é também natureza’", disse, citando o antecessor, Bento XVI.
O Papa Francisco criticou a imposição de modelos de vida anormais onde o efeito de asfixia dos pobres é deliberadamente feito pelos “sistemas de crédito” . Condenou as agências internacionais que sujeitam os países pobres a "sistemas de empréstimos opressivos", promovendo mais pobreza do que progresso, denunciando a ganância dos mais ricos.
Direi que se este mundo continuar surdo e impune aos alertas dos gritos por uma vida digna, então que se saiba que todos partimos e continuamos a partir para muito longe e de onde nunca mais voltaremos.
“Tudo o que quiserem que os outros façam por vós, fazei-o pelos outros”, afirmou o Papa.
E pasmo que muitos são os que se dizem em Deus sob a máscara do olhar que diverge do que em si dizem transportar. Como podem então entender estas palavras do Papa?
“Nós, pertencentes a este continente, não nos assustamos com os estrangeiros, porque muitos de nós há muito tempo fomos estrangeiros.
“Digo-vos isto como filho de imigrantes, sabendo que muitos de vós são também descendentes de imigrantes.”
E não somos nós todos emigrantes?
“Por que motivo se vendem armas letais àqueles que têm em mente infligir sofrimentos inexprimíveis a indivíduos e sociedade?”
O dinheiro está impregnado de sangue e vive nas cidades submersas em conflitos armados.
E como as andorinhas que ganham a batalha do céu, apelou o Papa Francisco à abolição mundial da pena de morte pois que “é o melhor caminho, porque cada vida é sagrada, cada pessoa é dotada de uma dignidade inalienável e a sociedade só pode beneficiar da reabilitação daqueles que cometeram algum crime.”
"Todos nós estamos cientes e profundamente preocupados com a perturbadora situação social e política do mundo hoje. (…)Nós sabemos que nenhuma religião é imune a formas individuais de ilusão ou extremismo ideológico. Isso significa que nós devemos estar especialmente atentos a todo tipo de fundamentalismo, seja religioso ou de outro tipo. Um delicado equilíbrio é preciso para combater a violência perpetrada em nome da religião, da ideologia ou de um sistema económico (…)mas há outra tentação da qual nos devemos especialmente proteger: o simples reducionismo que só vê bom e mau, os justos e os pecadores".
Papa Francisco, dir-se-ia que este mundo é a tua cidade, aquela que tanto precisa de ti, e aos que não querem sonhar na luta pelo amor dos homens, pela compreensão e tolerância e pela ternura do perdão de si e do seu semelhante, sei que sabes que o homem é a medida comum, e que há que conhecê-lo como é, e levá-lo à luz da serenidade, da disciplina, da vida limpa, da responsabilidade da consciência, enfim do amor.
O Reino não provém de uma espera. Estende-se sobre a terra e os homens não o vêem.
O grande Propósito é solar tal como o esforço daquele que procura e não deixa de procurar até que encontra.
Pedes sempre que se reze por ti Papa Francisco. Estou ciente que na terra das distâncias sempre regressam os filhos a casa do Pai.
Teresa Bracinha Vieira
Setembro 2015