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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Svetlana Aleksievitch

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Dotada de rara acutilância Svetlana Aleksievitch – a escritora bielorussa – põe a nu no seu livro "O Fim do Homem Soviético" -, o que sentem os homens e mulheres da era pós-soviética, distinguindo história e utopia para que se não esqueça e entenda a razão do surgimento das características das novas gerações de russos: o período do encantamento e de decepção, a vontade de anteriores grandiosidades e a posição do Ocidente face a toda esta realidade. A URSS e a sua desagregação assumem na escrita de Svetlana a proposta de uma interpretação lucida face a uma multiplicidade de sentires ainda hoje desconhecidos, passadas mais de duas décadas da vida dos russos face a um mundo de suposta paz e claridade, afinal, sucessivamente adiado.

Conhecida escritora e jornalista a sua obra tem sido de uma atenção permanente aos testemunhos individuais que recolhe dos homens e mulheres soviéticos a quem entrevistou nos momentos mais dramáticos da história do seu país. Os seus livros já estão traduzidos em 22 línguas e muitos foram já adaptados a peças de teatro e documentários. 

Eduardo Pitta, em Junho do corrente ano, chamou bem a atenção para os cinco livros publicados entre 1985 e 2012, por esta escritora, quinteto fechado com “O Fim do Homem Soviético” publicado em Portugal.

A Rússia mudara e odiava-se a si mesma por ter mudado. Assim também se iniciam os caminhos escritos das idiossincrasias da alma russa, as feridas e as quebras ideológicas, as nostalgias e os colapsos.

Seja ou não o prémio Nobel 2015, Svetlana Aleksievitch, que concorre ao lado de outros escritores como o japonês Haruki Murakami, tem desde há muito lugar cativo em quem a espera nomeada internacionalmente como escritora de lance. Que as editoras portuguesas a não esqueçam para que todos a conheçamos melhor no eleito mundo da Literatura de excelência.

 

Teresa Bracinha Vieira
Outubro 2015

MIA COUTO: o poeta de hoje e do meu antigamente.

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POEMA DIDÁTICO


Já tive um país pequeno,

tão pequeno

que andava descalço dentro de mim.

Um país tão magro

que no seu firmamento

não cabia senão uma estrela menina,

tão tímida e delicada

que só por dentro brilhava.

 

Eu tive um país

escrito sem maiúscula.

Não tinha fundos

para pagar a um herói.

Não tinha panos

para costurar bandeira.

Nem solenidade

para entoar um hino.

Mas tinha pão e esperança

para os viventes

e sonhos para os nascentes.

 

Eu tive um país pequeno,

tão pequeno

que não cabia no mundo.

 

Teresa Bracinha Vieira