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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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LONDON LETTERS

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Lord Howe of Aberavon, 1926-2015

A família conservadora perde um dos seus grandes no momento hegemónico do auge no poder. Sir Geoffrey Richard Edward Howe parte aos 88 anos. Ele é o arquiteto mor do Thatcherism. Ele é a primeira causa da queda no Number 10 de TRH Margaret Thatcher. Após 11 anos como Chancellor of Exchequer da Iron Lady, demite-se em 1990 por Untitled 2.jpgdissidência na questão europeia. — Chérie! C'est l'exception qui confirme la règle. A conferência Tory encerra em Manchester sob a boa estrela centrista de RH George “The Builder” Osborne. A comemorar o 49.º aniversário, o Prime Minister RH David Cameron janta no Chequers com Die Bundeskanzlerin Frau Angela Merkel. Do encontro a dois saem as bases para as sensíveis renegociações da presença do UK na European Union. — Well. Do not sell the bearskin before you have caught the bear. Roma reúne em sínodo para moderada refundação do processo canónico matrimonial. Mrs Svetlana Alexievich ganha o 2015 Nobel Prize in Literature pela documentária do pós-sovietismo. Ms Edith Cavell é fuzilada há 100 anos pelas tropas alemãs, por dita traição, após socorrer soldados nos dois lados das barricadas belgas da I World War. Paris informa que um em cada três franceses vota em Madame Le Pen para o Elisée.

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Clement skyes numa anil London. O Tory people conclui uma eficaz conferência anual em pleno coração das Northern no-go areas, puxando o partido para o centro com o modernérrimo blue colar conservatism. O encontro serve para pragmático retrato de Sir Cameron como um vigilante pastor, que adverte contra a "security-threatening, terrorist-sympathising, Britain-hating ideology" à frente do Labour Corbyn’s Party. Assiste também ao reforço das altas ambições dos Right Honourables George Osborne, Theresa May e Boris Johnson para lhe suceder na liderança e em Downing Street. Novidades? O adiar das cisões em torno da ‘Brexit,’ com os próximos dias ocupados em montar o all-for-the euro inners/quitters na public square, a prédica da soberania pela Home Secretary em vésperas do debate da Immigration Bill na House of Commons a par dos tax credit cuts a fixar pelo Chancellor no 2016 Budget mais… The One-Nation Tory RH Boris MP always thinking with the few and speaking with the many [lembram-se de alguém assim!?]. A generalidade da Press discorre sobre “the impenetrable forcefield around the centre ground of British politics” e “The Osborne supremacy.” Mas, pela pena do assertivo Mr Janan Ganesh, e em tom gladstoniano, o Financial Times bem disserta que “the vision of a new Victorian era will test the Tory soul.”

O discurso do PM repete 39 vezes a palavra country e apenas contém uma referência ao défice mas encerra conhecida lógica de responsabilidade financeira e de mobilidade social no desígnio da "Britain turnaround decade." O rótulo e a abordagem reformista remetem necessariamente para uma famosíssima frase proferida há 35 anos em Brighton: “The lady is not for turning.” Ainda sem a aura mitológica desta mulher, no Daily Telegraph, Mr Dan Hodges argumenta até que “the socially progressive Left has a new leader”. Ora, conselheiro discreto deste Tory Govt, a Thatcherite religion perde um dos cardeais com o passamento de Lord Howe of Aberavon. Admirador de Mr Enoch Powell nos 1960s e do monetarismo nos 80s, ele começa por ser um dos candidatos à eleição de 1975 em que Mrs T conquista a Tory leadership e culmina em 1990 com um troante resignation statement na House of Commons por muitos classificado como “her political assassination.” O resto da longa carreira pública repousará nos livros de história. O biógrafo oficial da Old Maggie, Mr Charles Moore, consagra já um duplo one-line script de: (1) “between them, Mrs Thatcher and Howe transformed the British economy;” (2) “Geoffrey Howe was the tapestry-master of Thatcherism, but also the nemesis of Margaret Thatcher.”

Uns dias atrás, no The Guardian, o sempre straight to the point Professor Timothy Garton Ash examina as eleições norte-americanas para concluir que "[t]o watch American politics today is to watch money speaking." O Oxonion Fellow questiona a integridade do processo eleitoral. Um relatório especial do New York Times densifica a análise e segue o rasto monetário das várias candidaturas republicanas e democratas para a White House: "Just 158 families gave nearly half the early money in the race." Mais apura: São astronómicas as somas envolvidas no sufrágio do próximo outono. A campanha mobiliza $400m só na primeira metade de 2015 e as estimativas para os gastos finais ascendem a $7bn (cerca de £4.6bn). A fim de aferir as apostas, para comparação, o conjunto de todos os partidos concorrentes às legislativas britânicas em 2010 gastaram menos que £46m. Este disparo nos dinheiros políticos deriva fundamentalmente de disputada decisão do US Supreme Court, seguida de cascata jurisprudencial, cuja doutrina sustenta que, tal qual como as pessoas, as empresas têm direito a ter voz na polis. A igualdade do 2010 Citizens United Judgment certifica-se agora nos muitos zeros da equação presidencial. — Well! The greatest skill in any deed consists in the sure mastery with which it is executed.

St James, 12th October
Very sincerely yours,
V.