LONDON LETTERS
Much a do, 2015
A agitação política eleva-me para a biblioteca, sinal concludente de que nestes tempos incertos talvez seja fatal regressar às trincheiras culturais em defesa de algo maior que a tranquilidade. Começa o formal debate in/out que algures até 2017culmina no referendo europeu. — Chérie! L'argent est un bon serviteur mais un mauvais maître. O dedo vagueia por títulos familiares em busca da quilha do baixel para apartar as ondas. Declino a veia do ativismo, retiro para fora o que é de abandonar e detenho-me em inspiração serena: Mr Michael J Oakeshott (1901-90), aquele mesmo que rejeita a oferta da Companion of Honour para o qual é proposto por TRH Margaret Thatcher. Primeiro ensaio a ler é o On being conservative. Tão agradável quanto as últimas delícias de Dowton Abbey. — Well. The real battle is to make time for what really matters. O congresso do SNP reúne em Aberdeen enquanto coreografa em dó maior e menor a cantata do neverendum. O US President Barack Obama decide manter 10,000 soldados no Afghanistan em 2016, sob aplauso do Gen David Petraeus. O líder chinês Mr Xi Jinping visita London. The Magna Carta vai viajar até Lisboa.
Some showers within mainly dry days por The Great London. As melhores notícias, first of all. Boa fonte informa que o Magna Carta Trust e o Foreign Office selecionam Portugal como um dos países eleitos para receber um dos quatro manuscritos existentes de documento fundacional da liberdade atlântica. O evento comemorará simultaneamente os 800 anos da carta selada em Runnymede (Surrey) pelo Bad King John com os barões do reino, em 1215, como também celebrará a mais velha aliança política ocidental — radicada num primevo acordo de paz e amizade entre Edward III of England e D. Fernando I de Portugal, em 1373, posteriormente lacrado com perpétuos laços diplomáticos e de defesa mútua no Treaty of Windsor, de 9 May 1386, assinado agora pelo novo rei D. João I a casar com Lady Philippa da House of Lancaster. A qualidade deste nó luso-britânico é tal que, cedo, durante a II WW (1939-45), Sir Winston S Churchill o invoca junto do Governo do Professor Oliveira Salazar na proteção do Free World e para garantir a neutralidade ibérica.
Se a nobre e leal Lisboa entra assim no 800th Magna Carta Global Map, também a silver city with the golden sands do North Sea pontua nos domésticos party games. A temperatura está elevada. Seis Tory Cabinet ministers exigem ao Prime Minister David Cameron o EU free vote. No Labour, Mr Jeremy Corbyn tenta debelar as primeiras rebeliões com efeitos no Parliament. Os Liberal Democrats de RH Tim Farron seguem missing in action. O Scottish National Party agrupa no Aberdeen Exhibition and Conference Centre o magote de deputados e militantes saídos das legislativas da primavera. No discurso a triunfante congresso da First Minister RH Nicola Sturgeon sobressai a escala dos ganhos eleitorais e ainda a linha do combate aos rivais de Westminster, i.é: os Conservatives e os Labourites, em robustecida agenda anti austeridade. O SNP resguarda-se agora para uma eventual desfiliação do reino unido na European Union; com quanto daqui possa então resultar para obter novo referendo local sobre a independência. No mais, e quando quem mexe fronteiras bate no paradoxo do euro princípio do free movement, a Northern exposure: Holyrood quer abolir a House of Lords.
And now something new. Suffragette é já um dos 2015 British movies, apesar de só esta semana chegar às salas londrinas mas após todo um ano de calendário político-comercial. O drama roda em torno das militantes do voto feminino no dealbar de 900 e tem o adicional de contar com Mrs Meryl Streep (three-time Holywood Academy Award winner) num brevíssimo papel da lendária Mrs Emmeline Pankhurst (1858-928). Sob a direção da Bafta's Sarah Gavron e com argumento de Mrs Abi Morgan, autora do filme The Iron Lady (2011) e ainda da série televisiva The Hour, o elenco é de luxo: Helena Bonham Carter, Brendan Gleeson, Geoff Bell, Romola Garai, Ben Whishaw, Anne-Marie Duff, Samuel West e a resoluta Carey Mulligan são alguns dos protagonistas que revivem momentos marcantes no UK do movimento Votes for Women entre os ecos dos vivos e acesos debates na House of Commons. O trailer circula online à volta do globo. Do screening que vi, gostei, da luz e fotografia aos movimentos da câmara. O sorriso chega também quando se ouve a cinevoz de Lady Thatcher/Streep a clamar o “never surrendeer, never give up the fight.” Um filme poderoso para tempos em que a superpotência norte-americana tem duas senhoras como sérias candidatas a ocupar o Oval Office de Washington DC, em tendência que progressivamente alastrará até à margem de cá do oceano. — Hmm! The right thing lasts.
St James, 19th October
Very sincerely yours,
V.