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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Aqui entre estes e outros tempos

Levantados

A lembrança deixou meio queimadas

As heras que afinal restavam

Despojadas

De uma morte rigorosa: e aqui

Uma voz por entre as pedras

Responde-me:

«Aqui fui eu a cidade tão formosa, aquela

Que deu um nó à outra que o pastor trouxera

À boca e ao peito numa paz de amor desfeito que muito afagou

Para não viver morrendo.»

Então, pátria minha de sentires em danos que me fazes

Do modo que sabes te agradeço,

Não mereço mais que o mal com que me satisfazes

E de ti padeço, em mundo vivo

Mas te não privo do entendimento com que te quero

E de meu parto te livro

E de meu peito te não ninho

Aqui entre estes e outros tempos

E a quanto é temporal chamar eterno,

Ou negar verdades em suspeitas ausências

És soberana, sempre e tanto

Que volto a pegar na pena

E te escrevo

Numa esperança que se me aleixa,

Ou não saiba eu que tudo isto

É teima,

Acordo de credores,

Jurando que me dás tudo

O que já tens dado

Amor,

Usando espada e sem que nenhum de nós queixoso

Se difame
 

Teresa Bracinha Vieira
Outubro 2015