Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

LONDON LETTERS


Untitled.jpg

 

The barbarians inside the gates – Paris 13/11, 2015

As palavras sempre escasseiam face à barbárie. Paris 13/11 é o selo da violência dos jihadistas no coração da Europe, no nosso coração. O sangue recorda o inimigo interno que nos faz guerra e o projéctil nota

Untitled 2.jpg

que manter sem controlo a cosmopolita política comum das open borders soa a irrealidade suicidária. Os alvos dos terroristas vão desde cafés a um concerto musical e um jogo de futebol, evidenciando que satisfazem o desejo de assassinar o nosso modo de vida, o respeito pelas opções de cada um, enfim: a nossa liberdade. — Allons enfants de la Patrie! Os brutais atentados são reclamados pelo Isis. Prometem a tempestade. Servem a morte dos 129 inocentes que lamentamos. Espalham a discórdia face aos refugiados que do seu califado fogem. Semeiam farto medo, algures a refletir em voto securitário num qualquer Le Pen do dia. — Hmm! We need to take absolute barbarity seriously and seriously think it. A ex US Secretary of State Condoleezza Rice e Mr Martin Luther King III participam em Birmingham numa conferência mundial sobre cultural relationships & opportunities. O crescimento económico na Eurozone permanece anémico. O G20 Summit reúne em Antalya (Turkey).

Days mainly dry with a cooler sun na ilha. But first things first: Paris is just a 2 hour train ride from the centre of London. As ondas de choque da agressão no 11th arrondissement estão ainda em expansão. Por lá chora-se de dor e por cá ensaia-se perceber how the attacks change things. O dito Islamic State retalia na semana em que se presume a morte do líder Abu Nabil al Anbari e do carrasco Jihadi John, após perdas sérias no terreno. Mas o diabólico poder do mal sempre desconcerta, sempre atordoa e urge para a ação. Com a tristíssima recordação dos 7/7 bombings bem presente, tropas das forças especiais patrulham ruas e locais críticos da segurança no reino. O Prime Minister RH David Cameron revela no programa Today, da BBC 4, que as agências britânicas “stopped seven attacks in the last six months.” Se o grau da ameaça suspende as Westminster politics as usual, nítida fica a clivagem existente na House of Commons. O Tory Government anuncia mais 1,900 intelligence officers a recrutar pelo GCHQ, MI5 e MI6 enquanto robustece a iniciativa diplomática junto de Moscow para a coordenação com os USA e outros “to defeat Isis in Syria.” Já a Labour Opposition reitera que se opõe a uma intervenção militar no Middle East e mesmo a novos bombardeamentos aéreos, na ausência de um mandato das United Nations.

Untitled 4.jpg

A dissonância gela. Inequívoco é que o terrorismo coloca um complexo desafio à democracia, aos seus valores e direitos fundamentais. O céu dos princípios obriga a defesa inteligente e diligente rumo a ambicionada paz na terra das pragmáticas. Ora, o dia 15th November 1985 fixa na memória o The Nixon’s moment of RH Margaret Thatcher: o Anglo-Irish Agreement, assinado pelo Taoiseach Gatret FtizGerald e pela UK Prime Minister – ela própria alvo de um atentado terrorista e alguém sem mácula no combate aos extremismos. Pesem todas as nuvens, e muitas há, o acordo é unanimemente classificado como “the real deal that changed the game.” O método thatcheriano do conflict transformation in Northern Ireland prova. Tudo é aqui tratado no segredo privado, a salvo de balas dos separatistas católicos do IRA (Irish Republican Army) e de bloqueios dos lealistas protestantes da IUA (Irish Unionist Alliance). Já o fruto é objeto de máxima exposição pública em conferência de imprensa. O cuidado desce ao detalhe. Os jornalistas são agrupados nos aeroportos somente munidos de bilhete de avião descrito pelo editor político do Irish Times, Mr Stephen Collins, como "standard airline tickets with one important difference: the destination was unknown." O pacto de Hillsborough Castle abre curso à pacificação nas mentes e nos corações dos que sofrem nas sangrentas e seculares barricadas. A lição de Co Down (Ire) persiste: a relação entre a liberdade e a segurança não é questionável, sim é equacionável no mapa funcional da resposta às ameaças – numa cultura de paz.

Untitled 5.jpg

 Os atentados d’além Channel quase obnubilam outro importantíssimo dossier eurodoméstico. RH David Cameron esteve na Chatham House a apresentar objetivos e etapas com que, até 2017, realizará as negociações e o referendo sobre a Brexit. O PM apresenta um caso no fio da navalha. A par do robustecimento da competitividade e da fairness entre os estados in & out da Eurozone, uma das dimensões enfatizadas pelo líder do UK carece ainda de devida atenção por parte dos parceiros continentais: “the forthcoming EU referendum is not about Britain’s economic security but also its national security.” A insistência de Downing Street no controlo das fronteiras é já, quer se queira ou se não queira, com France em estado de guerra e o demais West sob alerta vermelho, mais uma questão de prudência que de soberania. — Hmm! We live by information, not by sight. As well we exist by faith in others.

 

St James, 16th November
Very sincerely yours,
V.