SEMPRE AMANHÃ
Entrei pela fronteira
Quis conhecer a terra de ninguém
Escutar os versos de um país de quem?
Lá, muito perto de onde todos se retiram
Pois os murmúrios, muitos
Vindos dos céus e do que não pode ser
Tecem os dentes num ranger duro e roto
E quem souber de um praticante destas terras
Saberá que Nero fez aqui Roma arder
E que os poetas se enterraram por calçar
Sois vós servido?
Para o frio levai coisa escolhida
E vão como eu palmilhando sem cuidado
Que a terra é de ninguém
E todos furtam consentidas e tiranas paciências
Ó vossa mercê, meu rei, observai
Que quase chego à outra terra
A que tem dono e terrestre muro
E pólvora soberba e disparo
Afinal, seguro
Por mãos ladronas, línguas longas,
Flores ufanas
Tanto e nunca, quando?
Amanhã
Sempre amanhã
Teresa Bracinha Vieira
Novembro 2015