Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
«O Livro das Cousas do Oriente, em que dá relação do que viu e ouviu no Oriente», de Duarte Barbosa (c. 1480-1521), publicado entre 1517-18 constitui um dos melhores exemplos da literatura de viagens do século XVI, merecendo leitura atenta e cuidada.
UM BAIRRO DE PORTUGUESES Voltamos a Mianmar e à viagem do Centro Nacional de Cultura. Arracão (hoje Rackine) era constituída pela cidade cercada de muralhas em cujo centro se encontrava o Palácio Real. Extramuros havia diversos bairros habitados por estrangeiros, com os seus hábitos, costumes e atividades. Em Daingrih-pet, a sudoeste, habitavam portugueses e indianos católicos, em edificações de pedra e cal. Com o desenvolvimento do bairro foram aparecendo casas em bambu, como as dos autóctones. Estando na margem esquerda do rio, o bairro situava-se numa posição privilegiada, como se verifica pelas gravuras que chegaram até nós, em frente à cidade murada e ao palácio do rei. À comunidade portuguesa era permitido o culto religioso católico, ainda que, com o tempo tivessem ganho hábitos e costumes semelhantes aos da restante população. No bairro dos portugueses, em 1616 integraram-se os cativos de Sundiva, após a derrota do português Sebastião Gonçalves Tibau. Este assenhoreara-se da ilha de Sundiva no estreito de Bengala, depois de uma vida aventurosa de corsário. Natural de Loures, embarcou para a Índia em 1605, desertou do serviço da coroa e foi para Bengala. Foi feitor das embarcações do sal, o grande negócio da região, dedicou-se ao comércio e ao corso. Estabeleceu-se em Djanga, no Arracão, mas foi apanhado pelo massacre que atingiu a povoação, em virtude do mercenário português Filipe de Brito e Nicote ter atacado a região, o que o rei não tolerou, massacrando seis centenas de portugueses e seus apoiantes, a começar pelo filho de Nicote. Tibau escapou com vida e procurou reconquistar a ilha de Sundiva, o que conseguiu por pouco tempo, pelo apoio de forças vindas de Goa, comandadas por D. Francisco de Menezes e depois por D. Luís de Azevedo. Após a retirada das tropas de Goa, Tibau seria vencido, vendo chegar ao fim o seu sonho de ser rei de uma ilha fértil. O Museu Arqueológico de Mrauk-U alberga hoje artefactos, armas e canhões portugueses. Nos subúrbios há uma ruína considerada segundo a tradição como a feitoria dos portugueses.
BAGAN DOS DOIS MIL PAGODES Depois de Arracão, que tanto diz aos portugueses, o grupo seguiu até Bagan, cidade situada a 150 quilómetros a sudoeste de Mandalay, antiga capital de um importante Império. A maioria dos seus edifícios, sobretudo religiosos, corresponde ao período entre os séculos XI e XIII. Trata-se do Primeiro Império Birmanês, caído (1287) sob o domínio dos mongóis de Kublai Khan, o que levou à perda de importância política, apesar de continuar a ter influência no budismo. Bagan tem cerca de dois mil pagodes, segundo os inventários mais credíveis, podendo no entanto o seu número chegar a três mil, dos treze mil que existiram nos tempos de glória. Hoje pode adivinhar-se o que foi a magnífica cidade, de ouro, pedras preciosas e de uma decoração plena de fulgor, saída de bem fornecidas cornucópias. É uma verdadeira terra de pasmar, junto ao lago que dá um enquadramento sereno e misterioso. Dir-se-ia que a natureza luxuriante é completada pela arquitetura, com a sua originalidade e o encadeamento de formas exóticas e luminosidades. Milhares de stupas elevam-se ao céu e ao anoitecer a cidade aparece recortada na difusa luz do horizonte, como num verdadeiro conto das Mil e Uma Noites. Deambulando entre os templos, fica-se fascinado pela diversidade e pela imaginação: Dhammayangyi é do século XII, como é Gawdapalin; Mahabodhi é do século XIII – mas há dos mais antigos, como o Shwerigon ou o Ananda, do século XI. A lista é extraordinária e há reminiscências da muralha da mais antiga cidade, como a célebre Porta Tharabar, do século IX, única construção que resta desse tempo. Segundo a lenda, a porta é guardada pelo «Senhor da Grande Montanha» e por sua irmã «Face Dourada».
DESPEDIDA DE MIANMAR A viagem para Mandalay tem paragem em Amarapura e no Lago Taungthaman, onde se encontra a maior ponte de teca do mundo, a celebérrima U Bein - tem 1,2 quilómetros, foi construída cerca de 1850, e hoje apresenta preocupações pelo estado de alguns dos 1086 pilares, que já tiveram de ser reforçados. Recorde-se que a teca é nativa das florestas tropicais de monção do sudoeste asiático. Amarapura significa em sânscrito «Cidade da Imortalidade». Foi uma das capitais da Birmânia durante um período muito curto. Teve a sua glória entre os anos de 1783 e 1857, momento em que Mandalay se tornou a capital da Birmânia. Ainda hoje há reminiscências da atividade artesanal em algodão e seda. Há antigos teares que lembram a tradição de feitura dos tecidos com que são feitas as indumentárias tradicionais, entre as quais os célebres sarongs (lunguis), além da feitura de sinos, tambores, representações de Buda e objetos de culto… Em Amarapura, temos o Pagode de Kyauktawgyi e o Mosteiro Mahagandhayon, que atrai a curiosidade dos forasteiros, quando os monges vêm, a meio da manhã, buscar os seus alimentos, formando uma impressionante fila de hábitos amarelo-alaranjados… A despedida de Mianmar faz-se na antiga capital do último reino independente birmanês (1860-1885), antes da colonização britânica. Mandalay fica nas margens do rio Irrawaiddy e com a conquista britânica de Burma perdeu importância comercial e tornou-se, no essencial, centro da cultura birmanesa, do conhecimento e da espiritualidade budista. Em 1942, a cidade foi invadida e arrasada pelos japoneses. O Palácio Real tornou-se o centro do domínio nipónico, pelo que foi destruído pelo bombardeamento aliado de 1945. Só em 1990 se reconstruiu o imponente palácio, que voltou a ser uma das referências da cidade. Cerca de 30 a 40 por cento da população é de origem chinesa, proveniente de Yunnan. Os pagodes de Kuthodaw e Kyauktawgyi e o templo budista chinês são marcos da cidade. A imponente Catedral do Sagrado Coração (de 1898) é sede do arcebispado católico, de que é titular Monsenhor Nicholas Mang Thang, defensor de um intenso diálogo inter-religioso de cristãos, budistas e muçulmanos. O Padre João Baptista, descendente de portugueses, invoca com emoção essa ancestralidade. Deixando Mianmar, é a vez do Reino de Sião, e lemos Duarte Barbosa no «Livro das Cousas do Oriente»: «Indo mais ao diante, leixando o reino de Pegu ao longo da costa contra Malaca, está um mui grande reino que chamam d’Anseam, de gentios; o rei dele o é também e mui grã senhor; toma desta costa até a outra que de Malaca vai contra a China, de maneira que d’ambalas bandas tem portos de mar; é senhor de muita gente de pé e de cavalo e de muitos alifantes; nom consente que em sua terra os mouros tragam armas». O primeiro destino é Aiútia (Ayuthia), capital do Reino de Sião de 1350 a 1767, com que os portugueses entraram em contacto, logo em 1511, através dos enviados Afonso de Afonso de Albuquerque. O certo é que ainda hoje a ancestral amizade entre Portugal e a Tailândia é motivo de uma ligação muito especial… Mas esses serão contos de próxima crónica…
O que será que reúne em mim o Nana do Zola com os Dialogues de Carmélites do Bernanos? Talvez um qualquer encontro de misericórdias por sobre fatalidades, numa convergência de olhares díspares sobre o destino de condições humanas em circunstâncias trágicas... Ou quiçá a força dessa contradição que é a coincidência, nas nossas vidas, do pecado e da graça, da aspiração ao bem na obsessão do mal, desse naufrágio da consciência que se abandona, gritando sempre, à tormenta das tentações. Preso por doença persistente, tenho lido e relido muito. Quando paro, escolho um disco em que, por qualquer razão escondida, sinto poder continuar o passeio de uma meditação, mas de olhos fechados, ouvindo música. Voltara ontem à Nana, e quando fechei o livro, esta manhã, logo me ocorreram os Dialogues. Pus a girar os discos da ópera do Poulenc, pondo em música a peça de Georges Bernanos, inspirada na Die Letzte am Schaffot (AÚltima no Cadafalso ) da Gertrud von Le Fort e no guião para cinema (para este, precisamente, escreveu Bernanos os diálogos) de Philippe Agostini e do padre Brückberger, dominicano francês, que conheci na minha juventude. Mas que têm em comum a prostituta Nana e a aristocrata Blanche de La Force (Irmã Branca da Agonia de Cristo) ? Terá a ver com o que a esta carmelita diz outra, a Irmã Constança: Não morremos cada um por si, mas uns pelos outros, ou mesmo uns em lugar de outros, quem sabe? Interroga-se assim, no fim de um dueto entre ambas, mais longo na peça do que na ópera, em que todavia Poulenc põe em música o texto de Bernanos (abreviado) : O que chamamos acaso é talvez a lógica de Deus. Pense na morte da nossa querida Madre, Irmã Branca! Quem acreditaria que lhe custaria tanto morrer, que pudesse morrer tão mal! Dir-se-ia que no momento de lha dar, Deus se enganou de morte, como no vestiário se troca um casaco por outro. Sim, aquela devia ser uma morte para outra, uma morte pequena demais para ela, ela nem sequer conseguia enfiar-lhe as mangas. --- A morte de outra? Que pode isso querer dizer, Irmã Constança? --- Quer dizer que essoutra, quando chegar a hora da morte, se admirará de nela entrar tão facilmente e de nela se sentir confortável... Sabes, Princesa, que a história ali contada se fundamenta na realidade do acontecimento da execução, na guilhotina, de dezasseis monjas carmelitas de Compiègne, em 17 de Julho de 1794, durante o Terror da Revolução Francesa. Mas Gertrud von Le Fort projecta na personagem de Blanche de La Force o drama da sua própria angústia e da fé que lhe dizia que essa angústia seria vencida pela Graça. Branca também era medrosa, tinha medo do medo, e medo da morte, ao ponto de fugir à proximidade do martírio...para regressar, na hora do cumprimento, e ser a última a subir ao cadafalso, cantando: Deo Patri sit gloria, et Filio qui a mortuis surrexit, ac Paraclito, in saeculorum saecula... Bernanos, por outro lado, porá em epígrafe aos Dialogues, na dedicatória dos mesmos, estas palavras do seu romance La Joie: Em certo sentido, vede bem, o Medo é mesmo filho de Deus, resgatado na noite de Sexta Feira Santa. Não é bonito de ver-se -- não! -- ora escarnecido, ora maldito, renunciado por todos... E todavia, não nos enganemos: ele está à cabeceira de cada agonia, ele intercede pelo homem. Nana nasceu num bairro pobre, foi, em criança, servente de uma tia florista. Mas senhora de um corpo cheio de atributos que enlouquecem a libido dos homens em geral e a dos burgueses e aristocratas, mais ou menos idosos ou jovens, mais ou menos ricos ou atrevidos, em especial, vai finalmente ganhando a vida em palcos de teatro de variedades e na prostituição, exercício em que, caprichosa, sabedora e sem escrúpulos nem temores, explora uns, sobretudo os senhores mais abastados e socialmente respeitáveis, e favorece outros, amigos do coração ou amantes passageiros, numa promiscuidade organizada por ela só. Conta-nos Zola uma história pouco verosímil como biografia (tantos parceiros, tantas situações, tantas variantes são muita areia para a camionete de uma só mulher), mas bom retrato do luxo e da luxúria desregrados da sociedade parisiense no Segundo Império. É, quiçá, o romance de Zola que mais me lembra o nosso Eça, por um escárnio latente, um pessimismo descrente de tudo, ou, talvez apenas, pelas páginas sobre as corridas de cavalos em Longchamp, com tantas cenas semelhantes às evocadas por Eça em Os Maias, nas corridas em Belém. Recordo-te alguns passos, do penúltimo capítulo e do final. Encontramos Nana no cenário espampanante do seu palacete, oferecido pelo Conde Muffat -- que ela pervertera -- mas recheado também de luxos pagos por conta de outros amantes ou de simples serviços num prostíbulo. Calça as luvas, vai sair para ir a um hospital visitar Satin, sua velha amiga e companheira de ofício, finalmente sua amante também, agora pobre moribunda. Diz para dois proxenetas de teatro que a foram visitar: « Vou ao hospital... Ninguém me amou como ela. Ah! Temos razão em acusar os homens de falta de coração!... Sabe-se lá! Talvez já não a encontre. Pouco importa, pedirei para vê-la. Quero abraçá-la.» ... Já não estava triste, também sorriu, porque aqueles dois não contavam, até podiam perceber... ... Quedava-se só, de pé, no meio das riquezas acumuladas do seu palacete, com um povo de homens abatidos a seus pés. Como esses monstros antigos, cujo temido domínio estava coberto de ossos, ela punha os pés sobre crâneos; e rodeavam-na catástrofes, a furiosa imolação de Vandeuvres pelo fogo, a melancolia de Foucarmont perdido nos mares de China, a ruína de Steiner, reduzido a viver honestamente, a imbecilidade satisfeita de La Faloise, o trágico descalabro dos Muffat, e o branco cadáver de Georges, em cuja vigília estava Pierre, saído da prisão na véspera. A sua obra de ruína e morte estava feita, a mosca saída do lixo dos subúrbios trouxera o fermento das podridões sociais e envenenara esses homens, só por pousar neles. Tudo batia certo, era justo, ela tinha vingado o seu mundo, os mendigos e os abandonados. E enquanto, em glória, o seu sexo se levantava e irradiava sobre as suas vítimas jacentes, qual sol nascente que ilumina um campo de carnificina, ela conservava a sua inconsciência de animal soberbo, ignorando a sua tarefa, e sempre boa rapariga... ... e saiu, muito bem vestida, para ir abraçar Satin pela última vez, com ar todo juvenil, como se nunca tivesse servido. Nessa altura, Nana despede-se da sua circunstância parisiense, vende mansão e mobília, o recheio todo. Uma fortuna em dinheiro vai permitir-lhe lançar-se na aventura de uma longa viagem pelo Médio Oriente e pela Rússia. Terá amantes no Cairo e seduzirá um príncipe russo, que a cobrirá de joias e mais riquezas. Talvez por se amofinar com ele, regressará a Paris, com vagões cheios de bagagem, e vai logo visitar o menino, seu filho de pai incógnito, que deixara entregue à sua tia florista. O pequeno tem bexigas, morre delas, contagia a mãe. Nana refugia-se então num quarto mobilado, só. Será Rose Mignon, antiga rival na exploração de homens e de contratos no teatro, sua quase inimiga detestada, que a irá ali buscar e a instalará no Grand Hotel, onde, apesar do risco de contágio, a acompanhará e tratará até à morte. Sabedoras da situação, algumas cortesãs irão visitar a moribunda, sempre vigiada por Rose, enquanto os homens, fumando charuto, se ficam pela rua, à porta do hotel, só para terem notícias. Quando Nana está morrendo, agitam-se multidões pelos bulevares, anunciando e aclamando a guerra contra a Prússia de Bismarck, gritando: "Para Berlim, para Berlim!". Esse será então o fim do Segundo Império, com a derrota da França. Rose, na sua corajosa misericórdia, será a última a abandonar o quarto, depois de com água lavar o rosto e as mãos, se vestir para sair, acender um candelabro de vigília, correr os cortinados e murmurar, ao ver, à luz da chama acesa, o rosto descomposto e irreconhecível: "Como ela mudou...como ela mudou!" Zola comenta: Vénus descompunha-se. Parecia que o vírus que ela apanhara nos ribeiros, em cima dos cadáveres tolerados, esse fermento com que ela envenenara um povo, acabara por subir-lhe ao rosto e o apodrecera... O mesmo Zola que, algures, em esboço do romance Nana, muito antes escrevera: O assunto filosófico é este: toda uma sociedade a atirar-se ao sexo. Uma matilha atrás de uma cadela, que não está em calores, e troça dos cães que a perseguem. O poema dos desejos do macho, a grande alavanca que agita o mundo. Só há sexo e religião. É, pois, intencional, a coincidência do apodrecimento mortal de Nana com o estertor final da França, da Paris, de Napoleão III. Todavia, isolada, contrastante, eleva-se, como uma assunção, a piedosa misericórdia de Rose Mignon. Uma formosa flor desabrochou na lixeira. Deus sabe se a presença de Rose à cabeceira da sua agonia, não terá confortado Nana, quando de morte vestia... Nem nós sabemos se Rose terá pensado que Nana talvez morresse por ela... Como disse a carmelita: Não morremos cada um por si, mas uns pelos outros, ou mesmo uns em lugar de outros, quem sabe?Sabes tu, Princesa de mim, como frequentemente me acontece contemplar esse grande mistério da unidade da condição humana, da nossa comum dignidade, do inalienável valor divino do humano. Numa perspectiva teológica, o cristianismo chama-lhe comunhão dos santos: reunidos para formar o corpo místico de Cristo, cujo sacramento é a eucaristia -- reconciliação, comunhão, acção de graças -- vivemos, uns pelos outros, na economia da salvação. Digo-te isto agora, pensando que Zola talvez fosse menos amargo e corrosivo, se, no seu tempo, tivesse deparado menos com uma igreja clerical que pregava penitências e indulgências, e reclamava para si o poder de atribuir ou apontar pecados e culpas e dispensar castigos e absolvições, traçando percursos salvíficos, ou condenatórios, individualizados... Simbolizando isso mesmo, anda, sub-repticiamente, por Nana, a personagem de Théophile Venot, advogado aposentado, devoto e metediço, que vai aconselhando, perdoando, limando arestas, tentando recompor, disfarçar ou fazer esquecer situações pecaminosas, para, pelo menos, salvar as aparências ad majorem Dei gloriam... Como seria Zola se, invertida a cronologia, tivesse podido descobrir, lendo Léon Bloy ou Bernanos, a sobrenatural misericórdia que, pela calada, vai vigiando as nossas vidas. Deixo-te, Princesa, este sentimento -- talvez desejo -- de que, na hora da nossa morte, seja ouvido o miserere em que pedimos que o nosso medo seja vencido pela misericórdia... Camilo Maria