Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

LONDON LETTERS

The Red Hurricane Ken, 2016-20

De rompante irradia-se luz. O Labour Party avista finalmente o elefante do anti-semitismo que tem no centro da sala. E paquidérmico é o choque em vésperas do reino ir a votos, a começar aqui no City Hall. A liderança abre um inquérito sobre sucessão de incidentes com hate speech. Grave: Dois Members of Parliament e um Local Councillor são suspensos.

 Pior: o histórico RH Ken Livingstone é acusado de ser “a racist and Nazi apologist.” — Chérie! Maintenant que la bière est tiré, il faut la boire. Solução do Team Corbyn para um problema de mindset e que assenta na questão israelopalestiniana? Todos seguem para reeducação cultural, da linguagem às maneiras, com os Corbynits ainda na defesa contra complôs, intrigas e afins… dos Blairites. Agrada a parte das manners, pois os dias sempre revelam quão útil é a aquisição, mesmo que tardia, das basic skills. — Humm! Do not be wise in words, be wise in deeds. O Prince Harry of Wales recruta a elite política mundial para promover os 2016 Invictus Games. RH Nicola Sturgeon e o SNP agitam com novo referendo independentista dos Scotties. O Hillsborough Inquest entrega o veredicto e a polícia sofre censura, 27 anos depois da morte dos “96 of Liverpool.” O National Living Wage recebe subtil aplicação prática: HM Government sobe o salário e as empresas diminuem tudo o mais nas despesas com pessoal. A Princess Charlotte of Wales completa o primeiro ano de vida.

É mau conjugar os contornos de Die Endlösung, mas malíssimo vem a caminho. A tempestade parecia já esfumar, sob o beneplácito do Speaker of The House, quando, junto dos jornalistas, Mr Livingstone sai em sua defesa e forma medonho ciclone. Afirma ele que nada a desculpar há a Mrs Shah, pois, e cito, “let’s remember when Hitler won his election in 1932. His policy then was that Jews should be moved to Israel. He was supporting Zionism (…) before he went mad and ended up killing 6 million Jews.” Depois da saída de emergência, eis o Führer e a Shoah introduzindo fortíssima pressão em bizarro debate durante... o Passover do povo hebreu. Será que o Hurricane Ken visa o pleno do volumoso voto londrino de matriz islâmica!? Mesmo se a expensas do dos primos! É que a tese é conhecida, historicamente contestada e na essência glosa a ideia dos Zionazis — uma moderna forma de demonizar os judeus. Como antisemita logo é denunciada por RH John Mann, também do Lab, em plenas escadas de Westminster Hall e em termos concludentes. Ora, com deputados em alta voz e em frente das câmaras televisivas, o líder começa por negar qualquer crise. Com ar quente a espiralar entre a comunidade judaica, RH Jeremy Corbyn anuncia, mais tarde, um inquérito interno e lá suspende os neorevisionistas. A seguir, face à concentração de nuvens entre backbenchers e doadores, comunica a elaboração de um código de conduta para os militantes. Acaba a declarar, ontem, junto à Nelson's Column, que o Labour não acolhe antisemitas ou racistas de nenhuma estirpe. O espantoso é que tudo isto ocorre, braviamente, na última milha da corrida eleitoral para o vizinho City Hall! Regressando dentro de momentos, assim repousa o sensível eurosufrágio do 23rd June: Only 51 days to go…

Cloudy sky, light rains and a roasting political atmosphere em Great London. Como escrever, dear Robert? Todo o mês de férias ocupado na persuasão sobre the return of Good Old Labour para tamanha prova dos 9! Como quem está no convento é que sabe quanto lá vai dentro, pausei então. Em dia de bank holiday, porém, o resultado está à vista e para além do ponto de ceticismo. O partido de RH Clement Attlee é hoje uma caricatura de si mesmo, incapaz até de entender o significado da visão de Jerusalem nos versos de Mr William Blake “And did those feet in ancient time / Walk upon England's mountains green? / And was the holy Lamb of God / On England's pleasant pastures seen?” O caos trivializa-se nas fileiras. No May Day canta-se a Free Palestine, em Trafalgar Square, no culminar

da uma semana eleitoral cuja ementa é dominada por Herr Hitler e o Zionism. Custa a acreditar!? Bom, desta feita, a sarabanda por “anti-Semitism row” incide sobre protagonistas e não sobre figurantes. Em foco estão o anterior London Mayor, a Bradford West MP, acompanhados, hoje, do Nottingham City Councillor Mr Ilyas Aziz. Do trio somente RH Naz Shah ensaia reganhar o moral ground ao apresentar desculpas na House of Commons, por, como cidadã, sugerir transporte dos israelitas para os States — como “solution” para o drama palestiniano. 

Neste cenário, better than fiction, bemvinda é a leveza das iniciativas públicas pelos membros mais novos da Royal Family. Se o Kensington Palace revela adoráveis fotografias da pequena Charlotte e a Duchess of Cambridge posa em estilo casual na exposição centenária da Vogue, quem por aqui leva divertida palma em disputa familiar é o tio Henry of Wales ao contracenar com a avó Elizabeth II.

O Prince Harry, KCVO, com 32 anos, de novo abraça em 2016 a bandeira dos Invictus Games. Para divulgar o "paralympic-style sporting event for injured servicemen and women," com edição agendada para Orlando (USA), recorre às hodiernas redes sociais e alista patrocínios políticos e outros de London a Washington. Daqui resulta divertida micrometragem promocional, onde pontuam HM The Queen, a kind Old Granny dizendo “Oh, no. Please” quando desafiada a acolá competir, e um vigoroso duo Flotus & Potus: os honoráveis Michelle e Barack Obama. O vídeo circula no Twitter e tanto apoia os veteranos das forças armadas quanto introduz sorriso suave no diálogo transatlântico. Well! Yet, consider the words and the intensity of Master Will in “The Merchant of Venice:” I am a Jew. Hath not a Jew eyes? Hath not a Jew hands, organs, dimensions, senses, affections, passions; fed with the same food, hurt with the same weapons, subject to the same diseases, heal'd by the same means, warm'd and cool'd by the same winter and summer, as a Christian is? If you prick us, do we not bleed? If you tickle us, do we not laugh? If you poison us, do we not die? And if you wrong us, do we not revenge? If we are like you in the rest, we will resemble you in that.

 

St James, 2nd May                       

Very sincerely yours,

V.