JAPÃO: UM ITINERÁRIO DE MUITOS OLHARES
6. O Japão e o entendimento do mundo
Aqui chegado, procurarei ser breve, espero ser claro e farei por isso. Com algum receio de mim, arrisco recorrer a Alberto Caeiro e pedir, ao primeiro heterónimo de Fernando Pessoa, que me autorize a dizer que o entendimento japonês do mundo se revela num trecho do poema II do Guardador de Rebanhos, que seguidamente transcrevo:
Creio no mundo como num malmequer,
porque o vejo. Mas não penso nele
porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(pensar é estar doente dos olhos)
mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo da Natureza não é porque saiba o que ela é,
mas porque a amo, e amo-a por isso,
porque quem ama nunca sabe o que ama
nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
e a única inocência é não pensar...
Bem hajam! Muito obrigado pela vossa atenção!
Camilo Martins de Oliveira