LONDON LETTERS
Mr Corbyn goes to Liverpool, 2016-17
Há ali uma espécie de inocência e há ali algo de diabólico. Entre a suavidade do seu amado líder, Mr Nice Guy, o maquiavelismo do chanceler sombra, Mr Bad Guy, e a ferocidade dos divididos regimentos, o trabalhismo britânico está em triste encruzilhada ideológica.
RH Jeremy ‘Red’ Corbyn vence, pela segunda vez no espaço de um ano, a liderança do Labour Party. Está tanto mais forte quanto a causa debilitada. — Chérie! Sans tentation, il n'y a point de victoire. A Prime Minister RH Theresa May está sob fogo dos… Cameroonists. As adagas giram ainda em torno da Brexit inside story. Já o Number 10 recebe Herr Martin Schultz, com o EU Parliament President a ajudar à consolidação do público adeus. — Well! A fox is not taken twice in the same snare. Na White House Race é a contagem decrescente para o muito esperado primeiro dos três debates entre Mrs Hillary Clinton e Mr Donald Trump. Meanwhile, o US President deixa legado oratório na United Nations General Assembly. Britain censura Russia pelo fracasso do último cessar fogo na Syria, em eco de war crimes. A Countess Sophie of Wessex chega a Buckingham Palace, com fanfarra, família e flores, após épicos 800 km em bicicleta desde Holyroodhouse para apoio filantrópico aos 60th Duke of Edinburgh's Awards. Os Young Royals visitam Elizabethean Canada. A University of Oxford é classificada como a melhor universidade do mundo, o que posso pessoalmente corroborar.
Mainly dry and breezy weather at London. Vamos dizê-los um a um para dar o tom. A Labour Party Conference abre com a decisiva vitória do brave new old leader: RH Jeremy Corbyn arrecada 61,8% dos votos (+2% que antes) dos membros, afiliados, simpatizantes e apoiantes registados no sufrágio do comando, face a 38,2% de RH Owen Smith MP, o rival por cá conhecido como “Owen Who?” Uma imediata sondagem da Sky News entre a militância conclui que 59% declara que o partido “can’t win” as legislativas de 2020 com o atual rumo (incluindo 93% de assumidos corbynistas) e 45% espera até não mais ver um governo trabalhista no seu tempo de vida. Uma outra internal polling realizada pela Survation/LabourList revela hoje que a HM Most Loyal Opposition perde terreno para os Tories desde a derrota eleitoral de 2015, em oito de nove temáticas políticas. O amigável analista conclui que os resultados “puts Labour on course for worst election defeat since 1935.” Finalmente: Contas feitas à despesa pública no fecho do dia dedicado à economia na arena de Liverpool somam “£250billion” em infraestruturas e aumentos salariais. Os jornais de amanhã dirão do detalhe da magic money tree, a par da equívoca política de defesa no pipe dream.
Também intranquilas andam certas franjas conservadoras. Com o ex Chancellor George Osborne MP a posicionar-se em todas as oportunidades para eventual coroação futura, hipótese sempre contrariada pela ausência da guerra e da fome por si profetizadas para o voto Leave EU, Westminster sorri com os segredos de polichinelo que levam à demissão do PM David Cameron dados à estampa pelo seu Director of Politics and Communications. O ora Sir Craig Oliver é o autor de Unleashing Demons: The Inside Story of Brexit, um diário sobre o euroreferendo visto de Downing Street. Os aperitivos do livro, um entre vários que se anunciam sobre a decisão, espalham-se pela Sunday Press. Especialmente visados pelo antigo spin doctor são os Brexitters, de RH Boris Johnson a RH Michael Gove, apimentadamente desnudados por desertarem do 10, mas também a atual Premier. Aponta-se o dedo a RH Theresa May por alegada “Brexit blame,” nomeadamente pela recusa em maior envolvimento na campanha. Se a senhora faz dois discursos a favor do Remain, sublinha-se que o antecessor lhe faz sucessivos apelos “to come off the fence.” A tática do “a fight alone” é tão exótica quanto foi o Project Fear. Ainda assim, fica registo de Mrs T ser no Cam Govt “an enemy agent” (ou “Submarine May”) e de a então Home Secretary considerar o célebre travão negociado com Brussels para controlar a circulação de pessoas como a “emergency fake” (e não emergency brake na emigração).
Entre estórias de sacos de tarecos, pois, importa ressalvar que tanto Larry como Gladstone e Palmerston continuam no bom exercício de funções em Whitehall como the high mouse officers. Dois outros Top Cats prestam desempenho histórico esta noite. A horas de duelo presidencial, as TVs &co aquecem as emissões com debates e reportagens sobre os dois candidatos restantes na batalha pelo poder da superpotência ocidental. A nota dominante cá e lá é… a imprevisibilidade. Hillary v Donald falarão para uma plateia global, mas as suas atenções incidem nos estados chave da US Election como os indefinidos Pennsylvania, Maine, Ohio ou Florida. Daí que peculiares propostas políticas como “the wall” e “the Muslim emigration ban” soem envoltas no “bringing jobs back to America” e a par da ameaça terrorista do Isis. — Well! Let us bear in mind what Master Will says about the tune through the attentive mind of Lorenzo in The Merchant of Venice: — The man that hath no music in himself, / Nor is not moved with concord of sweet sounds, / Is fit for treasons, stratagems, and spoils. / The motions of his spirit are dull as night, / And his affections dark as Erebus. / Let no such man be trusted. Mark the music.
St James, 26th September 2016
Very sincerely yours,
V.