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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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A FORÇA DO ATO CRIADOR

 

Jonathan Lasker e a pintura das marcas físicas. (parte 1)

 

'My paintings are very much about physical presence. Each brushstroke becomes like a thing. I think on the brushstroke of being almost like things of paint.', Jonathan Lasker

 

A pintura de Jonathan Lasker (1948) surge, já desde final dos anos setenta, pela via da materialidade e do gesto, como movimento contrário à arte conceptual. 

 

A forte identidade afirmada nas pinturas de Lasker é assumida por marcas. A marca é gesto, linha, risco, rabisco, mancha de tinta, espessura, inscrição e símbolo. 

 

Há figuras e fundos. Exploram-se noções de espaço - longe e perto. O vocabulário visual utilizado é de algum modo conhecido, pode vir da linguagem comum (da tradição da pintura abstrata ou simplesmente do quotidiano) e é recomposta e transferida para a tela de maneira discursiva. As marcas são feitas de forma muito específica e de algum modo repetitivo, de modo a criar uma forte identidade. 

 

'Abstraction first often sits upon the reality of the object itself. It says you are looking at painting on canvas. It doesn't take anything for granted and it is just on the viewer on coming to the painting itself and once the viewer is looking at the painting then the viewer can begin having a discourse with the image.', Jonathan Lasker

 

A referência aos primeiros modernistas é trazida pelo determinante papel da originalidade. 

 

Produzir o novo, procurar pela marca nunca antes vista faz parte das intenções de Lasker. 

 

A marca é genérica mas ao mesmo tempo transporta a própria identidade do artista. A marca é original embora reminiscente - é retirada de algo existente mas não é uma citação ou réplica direta. 

 

Lasker deseja pintar formas de forte presença visual, através do uso de padrões e de um sistema de marcas e manchas que se multiplicam e transformam umas nas outras. Formas específicas assumem-se num universo particular. Muitas vezes as marcas que se destacam (em cor, espessura e tamanho), em relação a um fundo, são geradas no próprio fundo. E por isso existem marcas de diversas escalas - da pequena à grande.

 

'I believe that repetition can be a virtue rather than a vice. The forms in my paintings are like vocabulary. Vocabulary of course, is used over and over again to arrive at different meanings in language.', Jonathan Lasker em entrevista à revista 'Ambit'

 

Ana Ruepp