CRÓNICA DA CULTURA
Constitui a consciência uma instância de apelo quando as certezas se inquietam?
Ainda que assim seja este apelo parece frágil se o confrontarmos com a evocação da Lei como sendo a melhor saída em sede de Moral.
Creio ser de nos debruçarmos sobre uma polémica que no séc. XVII opôs Pascal e os jansenitas – que tão só conheço como movimento teológico distinto dentro da Igreja Católica e que surgiu postumamente do holandês Cornelius Jansen - a um enorme número de católicos.
Não esqueço que na Igreja católica a Lei infalivelmente transmitida será e foi sempre a que levou à estrada da vida moral autêntica.
Contudo, parece poder-se afirmar que o que visa uma moral recta, num regime de uma sociedade, é o que leva ao recurso da instância da consciência, sem se poder admitir que não existem flutuações afetadas pelo relativismo pois que o recurso à fé não é o único pelo qual se optou, e, nem mesmo a fé, é sempre vivida como montanha de infraestruturas inabaláveis.
Gostava de chegar a tratar este tema com a profundidade que merece. Inquieta-me não saber ainda explicar com segurança e clareza o quanto sinto que as tradições não constituem já base de decisão, mas sim, devemos procurar dentro da articulação tão difícil da Ética e da Moral o compromisso que nos acuda, assente em consciências, que, afinal são em si, situações culturais e por onde cada um pode encontrar carreiro sensato.
Herdámos uma coexistência de sistemas morais. Cabe-nos fazer deles uma força e entendê-los nos seus paradoxos e nas nossas fraquezas.
Que todos nos saibamos submeter à prova de expor sem medo as regras da cidade de cada um, o que supõe um trabalho de discernimento de valores e seus opostos que irão ditar a nossa decisão face ao nosso projeto de vida, decidindo ou não recorrer à consciência como instância.
Permitam que assim deixe uma proposta.
Teresa Bracinha Vieira