Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CRÓNICA DA CULTURA

 

Constitui a consciência uma instância de apelo quando as certezas se inquietam?

 

Ainda que assim seja este apelo parece frágil se o confrontarmos com a evocação da Lei como sendo a melhor saída em sede de Moral.

 

Creio ser de nos debruçarmos sobre uma polémica que no séc. XVII opôs Pascal e os jansenitas – que tão só conheço como movimento teológico distinto dentro da Igreja Católica e que surgiu postumamente do holandês Cornelius Jansen - a um enorme número de católicos.

 

Não esqueço que na Igreja católica a Lei infalivelmente transmitida será e foi sempre a que levou à estrada da vida moral autêntica.

 

Contudo, parece poder-se afirmar que o que visa uma moral recta, num regime de uma sociedade, é o que leva ao recurso da instância da consciência, sem se poder admitir que não existem flutuações afetadas pelo relativismo pois que o recurso à fé não é o único pelo qual se optou, e, nem mesmo a fé, é sempre vivida como montanha de infraestruturas inabaláveis.

 

Gostava de chegar a tratar este tema com a profundidade que merece. Inquieta-me não saber ainda explicar com segurança e clareza o quanto sinto que as tradições não constituem já base de decisão, mas sim, devemos procurar dentro da articulação tão difícil da Ética e da Moral o compromisso que nos acuda, assente em consciências, que, afinal são em si, situações culturais e por onde cada um pode encontrar carreiro sensato.

 

Herdámos uma coexistência de sistemas morais. Cabe-nos fazer deles uma força e entendê-los nos seus paradoxos e nas nossas fraquezas.

 

Que todos nos saibamos submeter à prova de expor sem medo as regras da cidade de cada um, o que supõe um trabalho de discernimento de valores e seus opostos que irão ditar a nossa decisão face ao nosso projeto de vida, decidindo ou não recorrer à consciência como instância.

 

Permitam que assim deixe uma proposta.

 

Teresa Bracinha Vieira

NÚRIA ALBÓ

 

QUE PREGUIÇA

(Quina mandra)

 

Ai que preguiça viver, hoje que não faz vento

e as pedras são prostradas por um calor tardio!

O bosque despiu-se. Há papéis

sujos de humanas misérias. O pudor presente

afoga velhas lembranças de perfumes velhos.

Este é o meu bosque, que apareceu

quando ruíram todos os antigos mitos.

Mas há um júbilo profundo na áspera verdade

e saí a recebê-lo com os braços estendidos.

 

Escritora e política, Núria é uma poetisa a não perder. A sua investigação em Filosofia na Universidade de Barcelona trouxe-lhe claridade e objetividade à escrita tendo colaborado na conhecida revista Inquietud de Vich (em catalão Vic) que se trata de um município espanhol situado na província de Barcelona. 

 

Foi alcaide de La Garriga em 1979 e também neste cargo nunca descurou a importância das artes na formação do individuo, particularmente na formação das emoções como modo de aclaramento dos sentires em maturidade.

 

Autora de livros infantis, de novelas e de poesia, sempre resultou da sua escrita uma falta de cansaço no rebentar dos ferrolhos de cada um para que a luz entre. E assim nós. E assim nós e os navios.

 

Teresa Bracinha Vieira