Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

LONDON LETTERS

 

May never happen, 2017-2020

 

Tremei. Não acharais morangos nos supermercados, nem haverá tratamento de radioterapia para os pacientes de cancro… Os últimos alertas contra o Brexiting regressam ao grau zero da política. Se a nuclearização do debate deve ao London Evening Standard e ao editor Mr George Osborne, o ex Chancellor of Exchequer, já a míngua do fruto cabe na retórica eurófila dos Liberal Democrats.

 

O leader-to-be Sir Vince Cable sustenta que "[is] beginning to think Brexit may never happen." — Chérie. Battre le fer pendant qu'il est chaud. O menor apreço pelos resultados democráticos, no caso: do euroreferendo, ecoam em paralelo ao deleite nativo com os prazeres morangueiros do veraneio enquanto assistem a… history in the making. A dupla britânica Andy Murray e Johanna Konta somam e seguem para as semi finais em Wimbledon, 44 anos depois de idêntico feito nos Tennis Championships. Já o Speaker John Bercow relaxa o uso da gravata na House of Commons. — Hmm. Strange things happen. O Iraq anuncia a reconquista de Mosul ao Isis. O G20 Summit põe face a face os presidentes Donald J Trump e Vladimir Putin, revela as fendas no bloco ocidental e senta na mesa das negociações, pelos USA, Mrs Ivanka Trump. Pouco canónicas andam também as praxes gaulesas, onde, repetindo um gesto recuado a Napoleon III em meados do 19th century, Monsieur Emmanuel Macron reúne as duas câmaras parlamentares da república no palácio real de Versailles.

 

Lovely sunny Monday at Central London. Contrastam as atitudes em volta, entre a excitação dos turistas, a descontração dos ilhéus e a efervescência dos políticos em Westminster. Febris estão igualmente os bookmakers e um contingente rombo na caixa estimável em algo como £20million. A responsabilidade não é da Brexit, por uma vez, mas antes do muito aprazível curso dos match-points em Wimbledon. Os Brits posicionam-se para disputar o ouro em femininos e em masculinos. A proeza dos sorridentes Sir Andy e Ms Konta apanha as agências de apostas desprevenidas, ao negociarem as paradas da double GB win nas baixas probabilidades. Certo é que, até ao próximo magical weekend, a expetativa sobre o que acontecerá no Centre Court vai crescer em espiral. Já agora, informação adicional para os fãs do political betting: as chances do ano de saída do Number 10 de RH Theresa May andam em 5/2 para 2017-19 e em 7/2 para 2020; as ofertas para a partida de RH Jeremy Corbin da liderança do Labour Party estão nos 5/1 para 2017 e em 11/8 em 2020+.

 

Espiraladas seguem as geminadas sagas da saída do UK da European Union e da liderança Tory. A Prime Minister ensaia um relançamento político entre os conservadores face à chuva de notícias sobre conspirações para a derrubar algures em torno da conferência partidária de November 2017. Revigorada pelos apoios globais colhidos nestes dias pela cimeira de Hamburg, em contraponto ao gelo dos parceiros continentais, RH T May prepara importante série de discursos políticos a título de State of Nation. Por cá cognominado o passo como May-reboot, espera-se que a senhora (que perdeu a maioria parlamentar nas eleições de June) lance amarras em consensos interpartidários, desde logo, para negociar com Brussels, dando prioridade governamental ao lançamento de nova geração de direitos laborais. É a planeada did economy review. Logo, porém, nas Sunday Politics, aparece um antigo Cameron Govt Minister, RH Andrew Mitchell MP (o do Plebgate) a etiquetar Mrs May como “dead in the water.” Com o dinheiro do casino a indiciar (nos 1/12) o cenário de RH Jezza ‘Red’ Corbyn entrar em Downing Street até January 2018, à festa ajudam outros franco atiradores espalhados pela praça mediática e alguns há em modo criativo. Extasia a sugestão do desgaste do May-ism em estilo Flash Gordon, por exemplo, retomando idas táticas apontadas ao RH Gordon Brown quando, nas sombras, e com sucesso, ensaiaria apear o Lab PM Tony Blair. Entre as modalidades do pronounced political murder recomendam, pois, a ocasional demissão de ministros e deputados para encurtar a base de apoio. No contra spin, semelhantemente maravilha a retoma da sabedoria consumada do histórico RH Harold MacMillan (Con PM, 1957-63): “Loyalty is the Tories secret weapon.”

 

Ocupado o HM Government a preparar uma ampla barganha politica na casa-mãe dos parlamentos, decerto que a história assiste na power play de nação de ancestrais mercadores mesmo quando as mentes antes melhor derivam para o great achievement at Wimbledon.

Nenhum outro líder do No. 10 sobreviveu em condições idênticas. Seja como seja, uma nota merece registo na conjuntura: a dignidade e a determinação com que a Premier age na adversidade. Não que, realisticamente, na era do naufrágio do proper dress code em Westminster, isto conte muito. Pesará, sim, um facto que anda alheado do grande jogo continental. Na régua do eurocetiscismo ilhéu, Mrs May é uma pomba. — Well. As Master Will emphasises in his Sonnet 116, there are the circumstances and the nature of the loyalties: — “Let me not to the marriage of true minds / Admit impediments. Love is not love / Which alters when it alteration finds, / Or bends with the remover to remove: / O no; it is an ever-fixed mark, / That looks on tempests, and is never shaken."

 

St James, 10th July 2017

Very sincerely yours,

V.