Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Germinaram milhares de anos feitos jardineiros em muitos raciocínios e sem qualquer remédio para responsabilizar a inocência que se entregou ao conflito de um influxo vindo de muitos Eu.
Combina-se de nós para nós alcançar a cada passo um contorno de mundo onde as árvores não abdiquem da vida e, sem que entendamos que neles, nesses contornos de mundo, a possibilidade da inocência ter partido seja real e longínqua a sua leveza.
Empenham-se os homens na previsão profunda dos seus destinos e esforçam-se por ver nas carapaças das tartarugas as fissuras que lhes confirmem que ainda possuem em si a tão ansiada leveza da inocência. Aquela que lhes apagará o donde são oriundos tantas vezes.
Abre-se então uma carta e cai-se num sono fundo para acordarmos perplexos e jubilosos. O que era ingénuo e leve superou a frágil ligação à hora da aceitação da condição humana.
Volta-se à natureza. Espiamo-nos e perguntamo-nos qual teria sido o caminho tomado. Evitamo-lo. E é inútil que o façamos.
Coordenador da coleção de poesia da Tinta-da-China, cronista, crítico literário, é um dos membros do Governo Sombra, foi diretor interino da Cinemateca Portuguesa, é um extraordinário poeta, tradutor excelente e entre múltiplas atividades exercidas com a qualidade que lhe é prumo constante, organizou também um volume de ensaios de Augustina Bessa-Luís, Contemplação Carinhosa da Angústia e, Deus como interrogação na Poesia Portuguesa com Tolentino Mendonça.
Escuto-o com atenção e leio-o, tendo sempre presente que lhe encontro uma certa tristeza inescapável que, para mim, lhe serve de fundamento à verdade, estando esta na base da sua perceção num mundo extenso de curiosidades quase todas escolhidas. Às vezes, quando nos identificamos com as posturas de alguém é porque surgem similaridades que temos como reais e “partilhadas”. Em mim a melancolia e a capacidade para a superar são a base da vida do intelecto e creio sentir esta realidade em Pedro Mexia.
Ando mão na mão com o seu livro uma vez que tudo se perdeu.
Releio
Amigo Inimigo
|Dylan Thomas|
(…) tu meu amigo
(…) que escondias a mentira quando ousadamente devassavas
o meu segredo mais desamparado
(…) Convoco-te agora para que te assumas como ladrão
(…) Foste outrora aquela criatura tão franca, tão alegre,
um parente que nada exigia
e que eu nunca quis defraudar,
enquanto deslocavas a verdade na atmosfera.
E sobre a poesia de Thomas Hardy, pode ler-se neste livro:
«o tempo passa nos poemas. O tempo é o meio através do qual o presente se torna irrecuperável, e no qual a observação se torna memória.(…)
a esperança e a felicidade destruídas, simplesmente porque o tempo passa»
E
Quarenta e Dois
(…) Escrevo, mas tudo o que escreva está submerso pelo queixume
dos pássaros que enchem as arvores e se ouvem no futuro.
Inelutavelmente, as nossa futuridades também surgem de profiláticas autoilusões, e bem creio que Pedro Mexia sabe que de um modo ou de outro a esperança sofre de um vício de frustração e ainda assim é a responsável pela luz da madrugada.
Este o modo como leio a escrita deste poeta de que tanto gosto: Pedro Mexia.