CRÓNICA DA CULTURA
A LINGUAGEM DE UM RIAD
Um chamamento provém do que propulsiona de um Riad para nós, para fora de si e para dentro do nosso momento a cada matiz que o vivemos.
É estranho, mas ali percebe-se a música do mar, bem como a do deserto envolvente. É um local de enigmas que conhece as estações da vida e sabe pensá-las fundamente. Uma exceção sensual habita ali perguntas fundamentais cujas respostas afinal só conhecíamos de indícios de outros poderosos mundos. O misterioso que se deixa perseguir num Riad protagoniza tudo o que mostra, ou, pelo menos reúne uma fantástica coleção de saberes o que expõe à nossa versão sem receio de se sentir mutilado.
Há algo muito forte num Riad e que paira entre nós e a nossa liberdade, ajuizando coisas por abraços convincentes que confidenciamos também por beijos e seios despertos.
Invocam-se caprichos da imaginação e o prestígio deste local aumenta-a num desejo nascente. Aqui a mulher é bela e fresca e senta-se no ângulo que melhor a vejam e vai até ao implausível, sobrepõe-se assim às do mundo externo. Os feitiços abalam, mas nunca sem antes se deixarem absorver o bastante.
Tudo é muito mudo na viagem de volta.
Uns dias mais tarde, uma lua no nosso quarto. Uma lua prateada leve, volteada em estrelas, livros, âncora: a linguagem de um Riad.
Teresa Bracinha Vieira
Junho 2017