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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

CRÓNICA DA CULTURA

 

A LINGUAGEM DE UM RIAD

 

Um chamamento provém do que propulsiona de um Riad para nós, para fora de si e para dentro do nosso momento a cada matiz que o vivemos.

 

É estranho, mas ali percebe-se a música do mar, bem como a do deserto envolvente. É um local de enigmas que conhece as estações da vida e sabe pensá-las fundamente. Uma exceção sensual habita ali perguntas fundamentais cujas respostas afinal só conhecíamos de indícios de outros poderosos mundos. O misterioso que se deixa perseguir num Riad protagoniza tudo o que mostra, ou, pelo menos reúne uma fantástica coleção de saberes o que expõe à nossa versão sem receio de se sentir mutilado.

 

Há algo muito forte num Riad e que paira entre nós e a nossa liberdade, ajuizando coisas por abraços convincentes que confidenciamos também por beijos e seios despertos.

 

Invocam-se caprichos da imaginação e o prestígio deste local aumenta-a num desejo nascente. Aqui a mulher é bela e fresca e senta-se no ângulo que melhor a vejam e vai até ao implausível, sobrepõe-se assim às do mundo externo. Os feitiços abalam, mas nunca sem antes se deixarem absorver o bastante.

 

Tudo é muito mudo na viagem de volta.

 

Uns dias mais tarde, uma lua no nosso quarto. Uma lua prateada leve, volteada em estrelas, livros, âncora: a linguagem de um Riad.

 

Teresa Bracinha Vieira

Junho 2017

ARTESÃOS

 

Assim como de entre o sol e a tempestade

Uma específica lente húmida

Extrai uma infinidade de cores

Do arco-íris

Assim as miragens de quem visualiza realidades

Do saber do ofício óptico da alma

Prisma único

Que tudo entusiasma

Em proporções tais

Que fortemente

Lembra delírios

De verdade

 

Teresa Bracinha Vieira

Junho 2017