Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
O Chiado está cheio de histórias. José-Augusto França diz que a capital de Portugal é Lisboa e a capital de Lisboa é o Chiado, e tem razão!
Hoje recordamos um episódio invocado por Luís de Oliveira Guimarães… «Uma tarde Gualdino Gomes (1857-1948) entrou na Brasileira e pediu ao criado – o venerável João – chá e bolos. João não tardou com o lanche. – Os bolos estão frescos? – quis saber Gualdino. – Se são frescos! Vieram agora mesmo da pastelaria… Gualdino, encaixando o monóculo: - Isso não prova nada. Também eu vim agora mesmo de casa – e já tenho 78 anos…». Gualdino era um conhecido jornalista, crítico de teatro, a quem Fialho de Almeida, de «Os Gatos», acusava de não ter obra… O certo, porém, é que foi durante muitos anos testemunha da boémia e da atividade teatral lisboeta e sobretudo elo entre a gloriosa geração de 1870 e os começos do século XX… Gostava de dizer: «Sou um leitor, não sou um escritor». Fizera a banca de jornalista no «Repórter» ao lado de Oliveira Martins, D. João da Câmara e Teixeira-Gomes… Sobre «A Brasileira», dizia Raul Brandão: «A um canto, de gabinardo e barba branca, Gualdino prepara a última piada»… Lisboa de outro tempo…
'Architecture on the other hand is understood through moving, it is learnt overtime, often in a distracted state, and through tactile as well as visual encounters.', Peter Wilson
Para Peter Wilson (1950) cada elemento da arquitetura é singular e a ligação aos restantes elementos construídos é feita através de um fundo neutro ou de uma grande forma silenciosa.
A arquitetura cria o que antes não existia. Para Wilson, o objeto construído consegue concretizar um sítio - fá-lo presente, realiza-o.
Durante a conceção, ao absorver o lugar e o programa, a forma torna-se totalmente sensível, flexível e transformável. É a intuição que cristaliza a forma e que a tudo dá sentido.
Por vezes, em alguns dos seus projetos, verifica-se uma relação entre os espaços interiores e o espaço exterior, da rua.
É igualmente importante, para Wilson, o enquadramento/metamorfose da arquitetura a um determinado contexto cultural - '... it is also appropriate for the building to merge into its context, to gradually become anonymous, to become just part of the city.' Porémtentandomanter sempre uma linguagem própria que unifica e determina o carácter singular do projeto.
'In designing one must develop in parallel to site considerations also the building as independent object whose internal logic gives it a certain autonomy. There is a curious balance in architecture between the strong self defining statement and the light statement that allows its site.', P. Wilson
A Casa Suzuki, em Tokyo permitiu, a Wilson, repensar a conceção das cidades ocidentais - que se determinam concêntricas, geométricas e imensamente planeadas. Para Wilson, Tokyo representa a forma mais avançada de urbanismo - onde não existem limites, nem um centro definido. Afirma-se por ser um tecido contínuo mas diverso, infinitamente complexo, ora denso, ora vazio - os arranha-céus coexistem com os edifícios de um só piso; a natureza convive com as autoestradas; o novo constrói-se junto das zonas mais esquecidas.
'(In Tokyo) The physical is not the code but the residue, accidental consequence of this floating world.', P. Wilson
A Casa Suzuki (1990-1993) apresenta uma autonomia intencional em relação ao seu contexto. Ao separar-se a casa, obrigatoriamente, dos edifícios vizinhos, existe uma singularidade na sua forma - 'we let the plot shape, the corner angles and height limitations determine the principal form, a sort of everyday automatism rather than great conceptual manouvers.' (P. Wilson)
As fachadas que dão para a rua foram tratadas como uma tela ou membrana que separa a esfera privada da casa e o mundo público da rua. Nessa tela/superfície inscreve-se uma mancha, uma sombra ou um buraco negro (the blob or ninja). A mancha possibilita ao objeto ser não-espacial e serve como elemento estranho - com limites claros mas sem uma forma particular.
A casa obedece a uma ideia de movimento - as escadas são o eixo central, assim como a rua ao virar a esquina. O volume pesado da casa está apoiado por duas pernas finas. O volume suspenso do quarto da criança, flutua sobre a zona de estar e a cozinha.
Bolles+Wilson utilizam certos elementos antropomórficos de modo a distorcer a interpretação das formas criadas - que deixam de ser facilmente identificáveis e que deixam assim de ser ambíguas.
'Architecture involves fragments of a forgotten language, yes, but also emerging ontologies that arise automatically from contemporary conditions.', Peter Wilson