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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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A PALAVRA PORTUGAL!

 

DIÁRIO DE AGOSTO (IX) - 9 de agosto de 2017

 

Perguntam-me sobre a etimologia Portugal. Donde vem essa palavra mágica? Foi da cidade da foz do rio Douro que houve nome Portugal. Portus vem do latim e corresponde a uma entrada de mar – a raiz tem a ver com o elemento per, que em sânscito significa abertura, e que encontramos em oportunidade, isto é, na decisão do capitão do navio para entrar num porto...
Portucale ou Portugale (o c e o g em latim confundem-se) é o aglomerado da embocadura do rio Douro – e dur em sânscito significa um espelho de água. E que é Gale? A referência ao povo estabelecido naquela região. É um povo celta que vem do Oriente e se estabeleceu no noroestre da Península na Galiza.
Estamos a falar dos galos, galécios ou galegos – que se integram numa genealogia bem influente em todo o continente europeu.
E é assim que encontramos em toda a Europa primos nossos que se identificam pelo elemento gal: Gálatas, povos da Galácia, na parte central da Capadócia, que S. Paulo bem conheceu e fundaram o bairro de Istambul Galatasaray; Cracóvia fica na Galícia; Astérix é gaulês e está entre os avós dos franceses (nos ancêtres les gaulois), os galos são, aliás, o símbolo desse povo (que batizou o simpático animal com o onomatopaico coq – cocoricoo); no sul da Grande Bretanha fixaram-se os Galeses e aí se fala gaélico; e por fim chegamos  aos trovadores do galaico-português... Eis uma identidade bem europeia com raízes na Índia...

 

 

DIÁRIO DE AGOSTO

por Guilherme d'Oliveira Martins

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A FORÇA DO ATO CRIADOR

 

A conceção artística do Renascimento, segundo Arnold Hauser. 

 

No texto 'Concepto de Renacimiento. Artistas y vida social en el siglo XV.' de Arnold Hauser, lê-se que a conceção atual do mundo naturalista e científico, é uma criação do Renascimento. 

 

Porém, o interesse pela individualidade, pela investigação das leis naturais, pelo sentido de fidelidade à natureza, na arte e na literatura, não começa no Renascimento, mas sim no Gótico. 

 

No Renascimento aflora, claramente, a conceção individual das coisas individuais. Hauser afirma que o individualismo é utilizado como instrumento de luta. 

 

Na realidade, o Renascimento traz uma transformação: o simbolismo metafísico desvanece-se totalmente e o artista representa conscientemente o mundo sensível. Essencial, nesta nova conceção artística do Renascimento, é o princípio da unidade e a força do efeito total - onde predomina sempre o princípio da expansão e não o da concentração, o da coordenação e não o da subordinação, a sequência aberta e não a forma geométrica encerrada. Para Hauser, a arte Renascentista, mostra sempre uma visão panorâmica da realidade e não uma imagem unilateral, dominada por um único ponto de vista. Não se deseja deter o espectador perante nenhum detalhe e não se consente separar, nenhum dos elementos, do conjunto da representação. A arte Renascentista obriga sim a um envolvimento simultâneo de todas as partes.

 

O que é fundamental na conceção artística do Renascimento, é o descobrimento da ideia de génio (onde se reconhece o elevado valor da originalidade e da espontaneidade do espírito). A obra de arte é criação de uma personalidade autónoma - e esta personalidade está acima de qualquer tradição, doutrina ou lei e inclusivamente acima da própria obra. As leis da obra são determinadas pela personalidade, isto porque a personalidade é mais rica e mais profunda que a obra e não se chega a expressar por completo em nenhuma realização objetiva. A ideia de génio como dom divino; como força inata e intransmissível; a doutrina da lei própria excecional (que pode e deve seguir o génio); a justificação do carácter especial do artista genial - todos estes pensamentos aparecem pela primeira vez na sociedade renascentista (não esquecer de que na Idade Média recomendava-se a imitação dos grandes mestres e tinha-se por lícito o plágio).

 

No Renascimento, existe então uma personalidade distinta da obra e que age por excecionalidade e por livre vontade, de modo a criar através de uma visão abrangente e total.

 

Ana Ruepp