Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!
Os nossos leitores, sempre atentos, perguntam sobre a razão de ser das cores da bandeira nacional. Foi uma comissão constituída por Columbano Bordalo Pinheiro, João Chagas, Abel Botelho, Ladislau Parreira e Afonso Palla que propôs a bandeira que temos. O verde e o vermelho (a esperança e o sangue dos heróis) foram as cores adotadas pelo Partido Republicano Português e desde pelo menos a revolução do Porto de 31 de janeiro de 1891 simbolizaram a sua causa. O decreto de 19 de junho de 1911 adotou a bandeira nacional, instituindo como feriado nacional 1 de dezembro, dia da bandeira. O retângulo bipartido verticalmente em duas cores fundamentais vermelho e verde estivera na Rotunda e na Praça do Município a 5 de outubro de 1910 – ainda que o vermelho estivesse junto da tralha. Guerra Junqueiro defendeu que a bandeira fosse azul e branca, na tradição liberal do constitucionalismo de D. Pedro IV – mas o seu ponto de vista não foi adotado. No centro da bandeira encontra-se a esfera armilar de D. Manuel I, os castelos de D. Afonso III e ao centro as cinco quinas de D. Afonso Henriques, a invocar a Batalha de Ourique, representando de modo inequívoco a tradição histórica de Portugal. O verde adotado, na linha da dinastia de Aviz e dos símbolos de D. Manuel, foi o esmeralda e não o verde escuro proposto por Columbano e aprovado pela comissão... No entanto, as tintureiras da Cordoaria Nacional não encontraram o verde escuro e ficou o esmeralda. Columbano comentou: - Não ficou como eu desejava, tenho pena...
Descia a ruela de terra batida que ia dar ao pinhal dos medos. Normalmente cantarolava durante o percurso, ou não soubesse que assim o medo se confundia pelo descaramento provocativo ou encantatório de um qualquer cantar. Aí chegada, o perfume das pinhas esvaziava-me dos receios todos. Baixava-me, olhando fixamente para o meio das espigas agrupadas aos pares que se soltavam dos pinheiros, a fim de encontrar a pedra adequada ao partir dos pinhões. Depois, sentava-me no chão e ali fazia a refeição que me dava forças para não temer a chegada à saibreira dos cães.
Antes desta, eu tinha ainda de fazer um pequeno percurso, a que chamara o ainda-não-mundo. Era terra à semelhança de nada. Terra temida mesmo pelos agricultores locais: terra sem língua própria ou sequer revés.
Quase corria a fazer este caminho, mas sempre atenta aos cães da saibreira que me viessem fazer frente como já acontecera diversas vezes. E lá chegava ao local que sempre achei ser só de mim conhecido. E ali contava tudo. Dizia do pai da mãe, da avó, das criadas, das amigas, dos irmãos, do Tim-Tim, de Jesus, da vaca que parira, do formato das foices, dos poderes do pão sozinho face às brasas que o coziam, das cruzes desenhadas nas tampas dos fornos de pedra, dos queijos lá alto em cestos junto ao telhado das adegas, e só depois me atirava a falar da pura salvação ou da pura perda do mundo que entre as minhas mãos tinha uma ideia nítida entre princípios opostos.
Surgia-me então ao pensar um imenso ouvido. Devagar, uma realidade aos poucos e poucos revelava-se física e não fragmentada da Coisa que era poder e revelação. Peripécia de lógica que enfim me acalmava e me permitia fazer perguntas ao acesso à liberdade.
De olhos fechados prometia voltar a este imenso ouvido, tessitura que nunca me levara ou levaria do zero para o Nada.