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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

JOSÉ SESINANDO...

 

DIÁRIO DE AGOSTO (XVI) - 16 de agosto de 2017

 

José Sesinando Palla e Carmo (1923-1995) foi escritor, ensaista, crítico, tradutor e especialista em literatura anglófona. É inesgotável a lista dos seus jogos de palavras. A sua escrita e as suas obras merecem ser mais e melhor conhecidos... Não resistimos a dar uma breve lista – recordando as suas impagáveis colunas no Jornal de Letras... Ei-los.

 

Foi Copérnico quem primeiro viu a estrela pular.

 

Os terroristas raciocinam por explosão de partes...

 

O Adágio de Albinoni, depois de muito tocado na rádio, tornou-se um adágio popular.

 

Vá de Metro, Satanás! (este foi em diálogo com Alexandre O’Neill).

 

Os conferencistas ateus não têm Papas na língua.

 

É vidente: mente! Evidentemente.

 

Sabe onde é que o Alberto moravia?

 

Quem não tem Rolls, rói-se.

 

Os tecnocratas estão classificados por ordem analfabética...

 

Tudo leva a crer que os doze pares de França quando visitaram Portugal pernoitaram na Casa dos 24...

 

 

 

 

 

DIÁRIO DE AGOSTO

por Guilherme d'Oliveira Martins

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A FORÇA DO ATO CRIADOR

CNC _ A força do ato criador.jpg

 

   Jan Voss e o pensamento infinito.

 

Jan Voss (1936) utiliza um vocabulário ligado à escrita onde as figuras de uma quase narrativa se apresentam livres. 

 

A separação, das diferentes áreas da pintura, é feita pela cor. O fundo branco predomina. A linha é contínua, perpétua e complexa. Uma narrativa parece dar sentido às formas, mas as personagens desenhadas são muito imprecisas, e estão inseridas em situações não explícitas (ver texto 'O Planeta Voss' de Gérald Gassiot-Talabot). 

 

Os planos coloridos do fundo aumentam a importância de determinadas situações - acrescentado por vezes o humor, a unidade e a profundidade. As formas não têm volume, são como sinais gráficos lassos e incertos. 

 

Foi a partir dos anos setenta que, na pintura de Voss, a pluradidade deixou de existir enquanto fornecedora de imagens diferenciadas (de 1963 a 1970, Voss debruçava-se sobre uma pintura por excelência narrativa ao relacionar, numa determinada temporalidade, unidades separadas). Sob uma aparente desordem, Voss consegue fazer prevalecer uma noção de totalidade. Os signos são da mesma tessitura e têm o mesmo grau de importância. Os elementos dispersos reunem-se num objecto global. 

 

'Nem trama, nem fio de ligação, o que surgiu - em toda a sua plenitude - foi uma escrita, que estabeleceu, com um valor equivalente, a figura e o seu vínculo, o qual se tornou figura e se desfez pelo gesto. E deixou que continuasse a pairar a impressão de uma imagem que fugiu, o vestígio de uma realidade, ao mesmo tempo iluminada e criada, o comentário escritural da memória das coisas.', G. Gassiot-Talabot

 

Está-se perante um universo pictórico espontâneo e superpovoado. 

 

Na pintura de Voss cabe tudo: a fragmentação e a unicidade, a simplicação e a complexidade, a pluralidade e a homogeneidade, a alegria e o terror, o fantástico e o inofensivo, a sabedoria e a inocência. É a imagem mais verdadeira e fidedigna do pensamento infinito do homem - nunca pára e é continuamente contraditório.

  

 

Ana Ruepp