LONDON LETTERS
The Parties’ Ethical Waltz and, The Royal Tax Heaven, 2017
Another day, another scalp. A operação de desinfestação nas Houses of Parliament está a gerar vítimas em Downing Street. É ainda o caso das pestinhas sexuais em Westminster, entre alegações mais que sérias e alegações menos que sérias de más práticas relacionais.
O Defence Secretary Sir Michael Fallon e o Tory Whip Chris Pincher MP demitem-se, fragilizando o May Cabinet. — Chérie! L'arbre cache souvent la forêt. Já a BBC enreda o Buckingham Palace nos Paradise Papers, ao desnudar novos segredos dos ditos regimes fiscais claramente favoráveis. O Ducky of Lancaster é um dos investidores que parqueia capitais nas Cayman Islands. Para uns, a gestora das finanças reais faz uma aplicação de “fully audit and legitimate” economia doméstica; mas, para outros, antes serve para exprobar Her Majesty The Queen de evasão aos impostos. — Umm. It's the empty barrels that make the most noise. A par do harakiri dos ricos e poderosos no Old Ally Realm, o US President Donald J Trump ruma para oriente em périplo de Tokio a Beijing com Pyongiang na agenda. No Texas é a further day, a further mass-shooting, agora numa igreja anglicana, com o inquilino do 1300 Pensylvannia Avenue a apontar a dedo um louco islamizado, de arma na mão, zangado com a família. O Science Channel teoriza que Nan Madol, a “Venice of the Pacific,” possa ser Atlantis.
Freezing days at Central London. Com a Red Poppy na lapela, eis súbito retorno à Irak War a dias de um Rembrance Sunday que este ano contará com a presença da Queen Elizabeth II em varanda do Foreign Office e o Prince Charles no Cenotaph. Segundo o ex Premier Gordon Brown, "we were not just misinformed but misled on the critical issue of WMDs." No livro de memórias sobre os seus anos no poder, My Life, Our Times, declara que “a rush” de 2003 resultou de manipulação atlântica e conduziu a uma guerra injusta do governo onde foi Cancellor of Exchequer. Se Flash G ensaia desligar-se das areias ardentes do Chilcot Report que flamejam RH Tony Blair, é em relação ao amigo que raia as portas da indiscrição. Focando o Granita Pact com que, em mesa regada, os dois mapeiam a sucessão no No. 10, revela bastidores do último Labour Govt tal-qualmente óbvios: "The restaurant did not survive and ultimately neither did our agreement." O fato cinzento não está mal, pois. Axiomático é também o último herdeiro da glorious warrior mess. Rt Hon Jeremy Corbyn quer públicas desculpas de Her Majesty pelos £10m depositados pelo contabilista nas Cayman. Entrementes, com a Brexit no frigorífico de Whitehall, os líderes partidários acordam uma série de safeguards para o pessoal parlamentar face às “sexual improprieties” de alguns dos seus MPs.
O escândalo carnal que abala as veneráveis pedras de Westminster é a matéria prima da amuzing conversation in town. Mrs Theresa May apela a uma cultura de respeito, mas vê-se ameaçada no cargo primo ministerial pela série de demissões num hemiciclo onde não detém maioria de votos. O líder da Most Loyal Opposition agita com a tolerância zero, para logo ser ultrapassado por um movimento no seu partido contra os “serial sex pests” que mimetiza as feministas conservadoras: o Labour too. A Commons Leader Andrea Leadson quer que o parlamento “take action in days, not weeks.” O Speaker John Bercow escuta umas e outros, até concluir que fará “whatever I can.” Os cidadãos, todavia, assombram-se com a alegada concupiscência. É que o alvoroço apresenta contornos que oscilam do grave ao ridículo. Salvo raras situações, contém pouco ou nenhum sexo. O arguido abuso antes compreende desde satisfeitos casos extramaritais a pacatos convites para tomar um copo no bar da esquina, num ramalhete onde aqui e além, sim, aparecem os handsy boys. Seja como seja, a cabeça de Sir Michael Fallon rola e o Deputy Prime Minister RH Damian Green está sob investigação. Para a história da semana ficam ainda as soberbas declarações da jornalista Mrs Julia Hartley-Brewer, sobre uma mão colocada no seu joelho algures nos princípios do século. “I calmly and politely explained to him that, if he did it again, I would punch him in the face,” diz a veterana das Houses. “He withdrew his hand and that was the end of the matter.”
Concludente desfecho tem a nova produção de Dame Agatha Christie nos palcos londrinos.
“Guilty, My Lord” encerra a mais consumada peça de whodunnit engendrada pela senhora quando, nos 50s, andava pelas paisagens da histórica Assyria, justamente após sucessivos twists de culpa e de inocência para baralhar a prova perante qualquer júri. Recordareis, por certo, The Witness For The Prosecution dos écrans, dadas as inúmeras adaptações. A primeiríssima é vintage, de Mr Bily Wilder, com dupla que afinal é um trio: Mr Tyrone Power (Leonard Vole), Ms Marlene Dietrich (Christine Vole) e Mr Charles Laughton (o único Sir Wilfrid Robarts). Em tempos de concorrência política deslealíssima, o drama está em cena até March 2018 na augusta Chamber do County Hall, sob a direção segura de Ms Lucy Bailey, com Mr Jack McMullen (como acusado de homicídio) e Ms Catherine Steadman (como vítima). “The queen of cunning has been brilliantly served,” sintetiza doce Mr Quentin Letts no Daily Mail. — Well. So goes Master Will with Pompey and all the others characters in that eternal and interminable play Antony and Cleopatra: — “Your hostages I have, so have you mine; and we shall talk before we fight."
St James, 6th November 2017
Very sincerely yours,
V.