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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

A LÍNGUA PORTUGUESA NO MUNDO

 

XXVII - UMA VISÃO OTIMISTA

 

Segundo o investigador brasileiro Roberto Moreno, a estrutura gramatical da língua portuguesa permite, a quem a usa, entender 90% do espanhol, 50% do italiano e 30% do francês, o que não sucede no sentido inverso.


O fundamento essencial para esta mais valia, reside no facto de servir de elemento descodificador do espanhol, do italiano e do francês, dado ter um sistema fonético vocálico de 12 entidades (doze símbolos fonéticos), constituído por sete fonemas orais e cinco nasais, contra cinco símbolos fonéticos orais do espanhol, o que desde logo permite aos lusófonos entender mais facilmente o espanhol. Além disso, há inúmeros ditongos e tritongos em português que não existem em espanhol, elevando a comunicação em língua portuguesa a um estatuto e patamar de diálogo mais completo e eficiente. 


Daí defender que “(…) das cinco línguas latinas o português é o Ferrari deste comboio linguístico”


Em linguagem comercial e publicitária pode dizer-se, a título de exemplo: “Grande promoção da língua portuguesa, pague uma, leve duas e meia!”. Trata-se de um valor acrescentado que o nosso idioma possui, razão pela qual os Estados Unidos, sempre preocupados com o dólar, o poder e a economia, terão todo o interesse em promover o bilinguismo e o “Pague um e leve dois e meio”.


Ao mesmo tempo, de entre as línguas românicas (português, espanhol, francês, italiano e romeno), o português e o espanhol são os que têm maior afinidade entre si. Têm o latim como tronco comum e uma história evolutiva paralela, a da universalização pela diáspora dos respetivos idiomas, partindo e deslocalizando-se da Península Ibérica para os vários continentes, por via marítima, tendo como suporte atual o conjunto de países de fala ibero-românica. 


Propõe, então, Moreno: “Já que é moda criar comunidades, muitas vezes feitas com interesses muito particulares, por governos, porque não ressuscitar a mais antiga comunidade do mundo, que é a Iberófona? É uma espécie de Tratado de Tordesilhas ao contrário, onde as duas línguas se unem para reconquistar aquilo que era, há 500 anos atrás, a língua mais estratégica de negócios - o português”.


E acrescenta: “(…) se Portugal já não traz naus carregadas de especiarias das Índias, é nos trinta países que falam português e espanhol que se concentram as terras férteis nos principais recursos do século que se avizinha, da água à informação”.


Traça uma nova linha vertical no mapa mundial, pondo a Península Ibérica, os PALOP e a América Latina de um lado, e o resto do globo do outro. Defende que a metade formada pelos 700 milhões de falantes de português e espanhol no início deste século, tem potencialidades de desenvolvimento, só lhes faltando autoestima. Embora as semelhanças entre o português e o espanhol nos tornem bilingues à nascença, ser lusófono trás mais vantagens, já que se nasce a falar dois idiomas e meio.


Faz questão em frisar que não defende uma fusão entre o português e o espanhol, o chamado portunhol. Pretende tão só demonstrar, com fundamentação científica, que é a língua portuguesa que possui o elemento descodificador, à revelia das outras.


Sustenta que no futuro o nosso idioma será o mais falado mundialmente, a língua comercial por excelência.


No processo de globalização cada cidadão terá de falar duas línguas: a primeira, a sua língua materna, a segunda, uma língua que não incentive o monolinguismo. Exclui o inglês, o francês e o espanhol, dado concorrerem entre si, tentando impor-se. Resta o português, tido como um idioma fantástico que permite ao mundo comunicar através do bilinguismo, de uma forma natural e não artificial.


Sugere que quando o acordo ortográfico se concretizar entre os oito países lusófonos, se apelide de “Geo” ou “Geolíngua” a língua portuguesa que daí resulte.


Acaba por defender um Plano de Marketing Estratégico para a Língua Portuguesa quando o mundo, em geral, se aperceber de que aprender o português vale a pena, dado ser uma mais valia.


Concluindo, a língua portuguesa é a única que preenche todos os pré-requisitos para ser a língua global por excelência, uma língua híper global, sendo o seu motor o Brasil, sobressaindo no iberismo e na iberofonia a portugalidade, antecessora da lusofonia, sua atual sucessora.


07.11.2017
Joaquim Miguel De Morgado Patrício