O mau sinal
(…) – Não tens nada?
- Não, nada. Está tudo em ordem. Exceto o armagnac… Já não há. Desculpa-me, Alain!
- O papel de desculpador é meu – disse Alain -, foi culpa minha ter-te deixado subir a essa velha cadeira estragada. – Depois, preocupado: - Mas, meu amigo, estás a coxear!
- Só um bocadinho, mas não é grave.
(…) – O que é que se passou?
- Parti a garrafa – anunciou-lhe Caliban. – Já não há armagnac. Um mau sinal.
- Sim, um péssimo sinal. Preciso de ir depressa para Tarbes – disse Charles. - A minha mãe está a morrer.
Milan Kundera in “A Festa da Insignificância”
Kundera: uma indefinida nostalgia sobre a finalidade da escrita explorando a existência. O imenso saber da partida quando o saber das identidades que se dissolvem abordam desse modo temas essenciais.
Teresa Bracinha Vieira