LONDON LETTERS
A lengthy embroidery & A bridge too far, 2018-22
What a nice man is that Donald. And what a lovely plan of Boris. O European Council President, Pan D Tusk, afirma que a EU está de braços abertos para Britain, acaso o governo mude de ideias e revogue o voto popular da Brexit.
Já o Foreign Affairs Secretary RH Boris Johnson quer edificar uma ponte sobre as 350 ml do English Channel. — Chérie! Tout est bien que finit bien. A Anglo-French Summit termina em Sandhurst com a assinatura de acordos, públicos e privados, pelo President Emmanuel Macron e a Prime Minister Theresa May, apoiados por cheque de £45m para a segurança em Calais. Daqui resulta a vinda da doce relíquia normanda de La Reine Mathilde de Flandre (11th century). — Umm. Do not cross a bridge till you come to it. O anel feminino alarga no poder insular: RH Mary Lou McDonald MEP é a nova líder do Sinn Fein. O US President DJ Trump completa o primeiro ano na White House com usual normalidade: o encerramento do Federal Government, por falta de consenso orçamental. Em Bonn, a Bundeskanzlerin Frau Angela Merkel anuncia a Groko entre as CDU-CSU e o SPD como “a new dawn for Europe.” As atenções políticas continentais deslocam-se agora para Rome. Com sufrágio agendado para 4th March, e sendo as Italian politics mainly a regional affair, temem-se os humores eleitorais face a 11% de desempregados e cerca de 600,000 imigrantes resgatados do Mediterranean Sea no último quadriénio. A Lega Nord candidata-se com referendo sobre o €uro e Signor Silvio Berlusconi esgrime com thatcheriana flat tax.
O encanto ritualista não cessa aqui. Acaso o radar esteja ok e dado o poder nos dois lados da Mancha rezar em diferentes panteões, tempo virá para análoga cedência temporária de preciosidade local rumar até ao Louvre ou afim ‒ quiçá simbólica Rosetta Stone, talvez via Waterloo Station. Mas já o líder parisiense se distingue pelo charme com que cá veicula frescas e usadas euromensagens. Assim: Além de disponibilizar o famoso tapiz de 70m, tamanho passível de se elevar como franco Trajan horse, Monsieur Macron tanto defende que o UK receba maior número de imigrantes, quanto admite que os franceses votariam por Frexit se tivessem livre ocasião de referendar o lugar na European Union. Por fim, no veio dos grand projets que uniram o President François Miterrand a Lady Thatcher, o senhor do Elysée ter-se-á entusiasmado com uma ideia lançada pelo imaginativo Foreign Affairs Secretary: a construção conjunta de uma bridge over the English Channel. Aquém da façanha técnica que tal obra de engenharia pode representar para quantos navegam nos Northern Seas, a visão política dos 560 km nas águas atlânticas desde logo lembra um clássico de Mr Richard Attenborough: A Bridge Too Far (1977), sobre a ‘Operation Market Garden’ durante a World War II. Com o desempenho dos lendários Dirk Bogarde, James Caan, Michael Caine, Sean Connery, Edward Fox, Gene Hackman, Anthony Hopkins, Hardy Krüger, Laurence Olivier, Ryan O'Neal, Robert Redford, Maximilian Schell e Liv Ullmann, o filme foca a tentativa de quebrar as linhas nazis por tomadia de pontos estratégicos em terras ocupadas, Tivessem os Brits dominado a Arnhem Bridge, nas Netherlands, em 1944, e o conflito cessaria “by Christmas.” O flanqueamento militar falha. O armistício só ocorre depois de mais uma tragédia ocidental, visível de Dresden a Berlin.Godly breeze, light rain and gentle friendship at Central London. Em volta restam os vestígios da visita oficial de Monsieur Emmanuel Macron, em vésperas da Davos party nos Alps itálicos e do World Economic Forum emoldurar imprevisto tête-à-tête entre Right Honourable Theresa May e o POUS Donald J Trump. Dos detalhes da cimeira anglo-francesa dizem os registos mediáticos, bastando antes notar algumas singularidades nos resultados da coreografada diplomacia bilateral. O Palais de l'Élysée anui com a vinda temporária para o reino de valiosíssima relíquia medieval: La Tapisserie de La Reine Mathilde, segundo os historiadores gauleses; The Bayeux Tapestry, de acordo com o Guide do Victoria and Albert Museum (Dep. of Textiles, 1921). O empréstimo visa a sua exposição pública, em 2022, no British Museum, sendo a primeira vez em 950 anos que a peça regressa ao lar. Este é um bordado cerzido com a coloração técnica do Kent, contemporâneo da queda insular da House of Wessex erguida pelo King Edward The Confessor. A crónica lavrada na lã ilustra a saga militar de Harold of England entre 1064-66, até à derradeira Battle of Hastings (East Sussex). A tapeçaria acaba na Cathedral de Bayeux e estima-se ser pertença ora da consorte do vitorioso William The Conqueror, ora do irmão deste, o Bishop Odo, Earl of Kent e um exilado que ali morre em 1097. O Tapete Baiocense tem alquimia interessante, algures habitando também no imaginário de quem na modernidade ambiciona conquistar Britain. Em 1804 dele se apodera o Emperor Napoléon Bonaparte, quando prepara a invasão das ilhas; em 1870 repete-se o gesto, por mão teutónica, em plena Franco-Prussian War; e em 1944 é a Gestapo que, às ordens de Herr Heinrich Himmler, o leva para Paris, sem daí nunca sair para o místico destino final ditado pelo Reichsführer das SS: Berlin. As forças aliadas devolvem o artefacto a Normandy.
Notas finais relativas ao estado do tempo na House of Lords e no seio do Ukip, barricadas contra e pró Brexiting. Um novo golpe de espada é desferido no Tea Party nativo: o líder independentista (e ex Liberal Democrat), Mr Henry Bolton, recebe voto de desconfiança na cúpula nacional por estranho sarilho de saias. Celebrizado este porta-bandeira, eis que zune um vaticínio do autor do Article 50 do Treaty of the European Union (aquele que desencadeia o processo de desvinculação dos estados-membros). Lord Kerr prevê que haverá segundo #EuroRef ainda em 2018, capaz de anular a saída britânica em March 2019. Falando ontem aos microfones da LBC com Mr Alex Salmond (o ido Scotland First Minister e ex MP), Lord Kerr marca o calendário de Westminster: “The parliamentary row of the Autumn will be when the government bring back an outline, a framework, of the terms they think they can get for a permanent settlement. If it doesn’t look very good, quite a lot of people in the House of Commons and House of Lords will say now hang on, this isn’t exactly as was promised during the Referendum in 2016.” — Well. Let us since now sing the old Lancastrian tune that Master Will engraves in The Tragedy of King Richard the Second: — “This royal throne of kings, this sceptered isle, This earth of majesty, this seat of Mars, This other Eden, demi-paradise, This fortress built by Nature for herself, Against infection and the hand of war, This happy breed of men, this little world, This precious stone set in the silver sea, Which serves it in the office of a wall, Or as a moat defensive to a house, Against the envy of less happier lands, ---This blessed plot, this earth, this realm, this England."
St James, 22th January 2018
Very sincerely yours,
V.