Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

LONDON LETTERS

 

‘This England’ and, The Liberal Brexit, 2018

 

Very good, indeed. A minha amada revista This England celebra 50 anos sobre o shakespeareano  acto fundacional de Mr Roy Faiers (1927-2016). And― not decent behaviour at all, I am afraid. No melhor pano das charities cai a nódoa, com aguaceiro de falhas morais na Oxfam.

Chérie! L'avis d'un sot est quelque fois bon à suivre. Nas euronegociações, London e Brussels endurecem o idioma diplomático. Downing Street avança para um road show no reino, com série de discursos pelos Top Ministers sobre the way ahead. RH Boris Johnson expõe a visão unificadora da Liberal Brexit. — Well. Adam's ale is the best brew. O Prince Harry of Wales e a noiva Meghan visitam uma surpreendida e acolhedora Scotland. Já a PM Theresa May viaja até Belfast e RH Jeremy Corbyn ruma a Glasgow. Germany tem finalmente governo, cinco meses depois das eleições federais. O Israeli Prime Minister Mr Benjamin Netanyahu é acusado de suborno e fraude. A New Yorker revela as espantosas telas oficiais dos exs US President Barack Obama e da First Lady Michelle, ela posando num elusivo azul e ele sentado numa cadeira flutuando em verde manto floral.

Freezing weather at Central London. Nada melhor, pois, que granjeados English tea and cookies. Com este tema surge This England há 50 anos. Tal qual a sua “little sister“ Evergreen, bem longe das ruas parisienses, esta é uma revista única e tão afável quanto a singela tira com que, na Spring 1968, se apresenta em bancas e tapetes ‒ “as refreshing as a pot of tea.” O manifesto editorial logo a posiciona entre o mercado mediático e o campo literário. Visa celebrar a cultura, os usos e os costumes sob a bandeira de St George. Dizendo do ser humano que escreve, Mr Roy Faiers, a pena do fundador firma marcas no chão: “We shall not be slick or sensational. There will be no world scoop articles, no glamour pictures, no fierce controversies. Instead we set out deliberately to produce a wholesome, straightforward and gentle magazine that loves its own dear land, and the people who have sprung from its soil. Instead of politics we shall bring you the poetry of the English countryside in words and pictures. Instead of bigotry we shall portray the beauty of our towns and villages. Instead of prejudice there will be pride in the ancient traditions, the surviving crafts, the legends, the life, the splendour and peace of this England.” O apelo telúrico conjuga aqui o leque dos “traditional principles of goodness, decency and common sense” com as velhas artes gráficas, entre o verbo elegante, a bela fotografia e a ilustração rápida. Esta é uma publicação produzida em Cheltenham para leitores e assinantes apaixonados, “For all who love our green and pleasant land.” Na capa da Golden Jubilee Edition, a quaternária traz imagem de marca: Sissinghurst, o castelo no Kent do casal Sir Harold Nicolson e Lady Vita Sackville-West, com as características Elizabethan Towers e o seu White Garden. Pelas páginas interiores canta ainda Mrs Dorothy Coe: “England. / Oh, my England. / I’m coming back to you. / I’ll see you in the Springtime. Watch / For me!”

Em debate semanal colorido quanto this sweet land of mist and green, a Prime Minister assinala na House of Commons diverso aniversário mas com idêntica fibra pictural. A intervenção governamental ocorre entrecruzada com declarações duras para com os Brits do EU Negotiator. Um cada vez mais nervoso Monsieur Michel Barnier tece advertências, veicula críticas, e ameaça descartar o biénio de transição acordado bilateralmente em December 2017. É His Master voice. Tudo em modos tais, porém, que, cá por casa, evoca usual e deliciosa tirada de um antigo professor: ’Voz grossa, argumento fraco!’ O Brexit Secretary RH David Davis sai a terreiro, notando a atitude “discourteous and unwise.” Ora, já nas PMQ’s é Mrs Theresa May confrontada com as velas da assinatura do Maastrich Treaty ‒ do qual o reino fez opt-out do “social chapter.” A Tory Leader é linear na resposta para a Other Union sobre o que está sobre a mesa: “The United Kingdom is leaving the European Union. That means that we are leaving the single market and the customs union. If we were a full member of the customs union, we would not be able to do trade deals around the rest of the world. And we are going to have an independent trade policy and do those deals.” Preparam os Brexiteers a chegada à World Trade Organization? Estarão os 27 a fazer contas aos efeitos da fatura tarifária nas balanças externas? E onde anda o racional da comunidade europeia de ideais e interesses?

Nota final sobre um livro com informação preciosa sobre um período sombrio da história comum. Em September 1940, nos Pyrenees, guardas fronteiriços recusam a passagem de France para Spain a um refugiado judeu alemão. Mr Walter Benjamin suicida-se na circunstância. Cerca de três semanas mais tarde, em Paris, sete anos após escapar da Nazi Germany e em vésperas de rumar a Lisboa com destino aos USA, Mrs Hannah Arendt (1905-75) comunica a triste notícia a outro amigo do filósofo berlinense.

Mr Gershom Scholem (1897-982) lê sabido cri de coeur: “Jews are dying in Europe and are being buried like dogs.” Ela é a jornalista que, em 1962, de Jerusalem, reporta o julgamento do SS-Obersturmbannführer Otto Adolf Eichmann disserta sobre a banalidade do mal e desperta a humanidade para o risco da demissão da consciência; Ele é o arqueológo do misticismo cabalístico e autor indispensável na visitação a Zohar, Book of Splendor. Unidos no debate do Holocaust, o Zionism separa-os nas correntes da Diaspora e de Israel. A relação epistolar entre os dois pensadores é agora editada em inglês pela Prof Marie Luise Knott, na University of Chicago Press, com tradução por Mr Anthony David entre as cartas e os documentos. The Correspondence of Hannah Arendt and Gershom Scholem condensa ideias que atravessam clivagens políticas contemporâneas (atenção, straussianos!) e dá pistas para aclarar uma controvérsia em torno da natureza diabólica do poder, à sombra de mão humana que coorganiza os guettos, as mass deportations e os death camps durante a II World War (1939-45). Vale também para ponderar sobre a geopolítica do espectador imparcial — Umm. Do never forget that dark human observation of Master Will in The Tempest: — “Hell is empty and all the devils are here."

 

St James, 13th February 2018

Very sincerely yours,

V.