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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Os Primeiros Cineteatros de Lisboa

 

Faz-se aqui referência ao lançamento do excelente livro de Guilherme d’Oliveira Martins, intitulado “Ao Encontro da História – O Culto do Património Cultural” (Gradiva Ed. – 2018), onde, entre tantos mais temas, se efetua a análise histórica dos cinemas de Lisboa, a partir do início do século XX.

 

Efetivamente, no ponto de vista da infraestrutura do espetáculo cinematográfico e dos edifícios respetivos, Guilherme d’Oliveira Martins elenca uma série de cinemas ou espaços de espetáculo inaugurados em Lisboa, a saber:

 

O Salão São Carlos, na Rua Paiva de Andrade, próximo do então Real Theatro de São Carlos, em 1907; o Salão Chiado, também em 1907, este chamado “O Animatógrafo”, na Rua Nova do Almada; o Salão Trindade, na Rua Nova da Trindade, em 1909; o Salão “The Wonderful”, este instalados em 1911 no Jardim de Inverno do antigo Teatro D. Amélia, na época denominado Teatro Republica e mais tarde Cinema e hoje Teatro São Luis.

 

E mais esclarece Guilherme d’Oliveira Martins que “em boa verdade, o primeiro Salão, com direito a consideração especial, como espécie de caverna mágica, entre Platão e Alibabá, que aparece é o Salão Ideal ou Salão do Loreto...”

 

O livro evoca mais cinemas entretanto em funcionamento e ligados de uma forma ou de outra a estes movimentos de cultura e de espetáculo:  designadamente o Cinema Colossal da Rua da Palma que em 1916 estreou um filme de Ernesto de Albuquerque sobre a banda desenhada do “Quim e Manecas” criada um ano antes por Stuart Carvalhais.

 

E a esse respeito, Guilherme d’Oliveira Martins salienta “a ligação incindível entre o cinema e a BD”.

 

E acrescenta:

 

“Dir-se-á que as imagens em movimento motivam o traço da caricatura, superando o naturalismo, mas dando também um passo adiante do simbolismo. E pode dizer-se que o cinema não está longe desta motivação”. E cita o “Manifesto Anti-Dantas” de Almada, exatamente de 1915 e a propósito da estreia de uma peça de Julio Dantas, “Mariana Alcoforado”.  

 

Em resumo:  

 

Estamos perante o que poderemos chamar de primeira geração de salas de espetáculo especialmente vocacionadas para o cinema, mesmo que não   exclusivamente. Era uma época em que o cinema dava primeiros passos, o que torna a referência e elencagem ainda mais relevante: Lisboa revelava-se na época uma cidade de certo modo moderna no que respeita às artes do espetáculo!

 

Porque só mais tarde se generalizam pelo país fora os cineteatros. Mas aqui estamos numa primeira fase em que o cinema surge autonomizado e sobretudo extremamente inovador.

 

DUARTE IVO CRUZ