GIORGIO AGAMBEM
Giorgio Agambem ex-aluno de Heidegger e responsável pelas obras completas surgidas em Itália de Walter Benjamin é Filósofo italiano que se debruça da estética à política trabalhando os conceitos de estado de exceção, essa terra de ninguém entre o direito público e o facto político (…) entre a ordem jurídica e a vida (…) entre o direito e o vivente, a fim de que possamos chegar ao que significa agir politicamente, e o conceito de homo sacer ou «homem sagrado» figura singular do Direito Romano arcaico que nos remete à condição de quem, cometendo delitos contra a divindade, colocava em risco o entendimento afetivo entre a coletividade e os deuses e, em última análise, cometia um crime contra o Estado, merecendo a vingança dos deuses, a expulsão do acesso a direitos e a sua vida passava a ser «sagrada» negativamente por expulsão total do meio onde vivia, podendo caber-lhe a morte fora de qualquer ritual religioso.
Neste imenso projeto de conceitos que Agambem não descuida de pesquisar desde os anos noventa, encontramos muitos termos em similitude utilizados por Hannah Arendt e até Slavoi Zizeck aplicados à história recente. Referindo-se a este último conceito de existência sagrada, Zizeck aproxima-o da imagem do avião que distribui, em teatro de guerra, alimentos para uma população que fora atacada por um bombardeiro, considerando que a existir um homo sacer neste caso, a morte era decidida pela divindade, sendo apenas concretizada por outro homem, e, nunca este seria acusado de homicídio pois a decisão vinha da divindade. O quanto e o como se impõe à humanidade a inercia do paradigma da ação humana face ao que se insiste afinal chamar de politica legitimada.
Giorgio Agambem formou-se em Direito com uma tese sobre o pensamento político de Simone Weil. Dirigiu o Collège international de philosophie em Paris e entre outras atividades lecionou Estética e Filosofia no Instituto Universitário de Arquitetura de Veneza. As suas pesquisas concentram-se nas relações entre a literatura, a poesia, a filosofia, e a política. Também docente em universidades americanas, antes de se decidir a não entrar mais nos EUA por oposição à política de segurança de Bush, Agambem recebe o Prix Européen de l’Essai Charles Veillon.
No seu livro Nudez que entre nós saiu pela chancela da Relógio d’Água encontramos reunidos um conjunto de pequenos ensaios a retermos neste seu universo tão próprio com o pensamento sempre em incursão na tal espécie de terra de ninguém.
Dele tentaremos dar a nossa opinião também pelos caminhos da biopolítica e da filologia.
Teresa Bracinha Vieira