EVOCAÇÃO DE TOMAZ RIBAS NO CENTENÁRIO DO SEU NASCIMENTO (I)
O Núcleo do Arquivo Histórico e Documentação do INATEL, coordenado por José Baptista de Sousa, tomou a iniciativa de assinalar o centenário do nascimento de Tomaz Ribas, figura marcante da vida cultural portuguesa pela obra que criou e pela vasta ação cultural, designadamente nas áreas do teatro e da dança e do bailado. O texto que aqui se publica surge nesse contexto., no centenário do nascimento do escritor.
A evocação de Tomaz Ribas (1918-1999) envolve necessariamente a diversidade e pluralidade de áreas e obras criativas da sua vasta, intensa e preenchida atividade profissional e cultural, destacando fatores e expressões determinantes: o escritor, o dramaturgo, o teatrólogo e especialista em artes do espetáculo, o crítico e o historiador sobretudo nessas áreas e nessas artes, mas também o professor e o animador de cultura a nível nacional e também, tantas e tantas vezes, a nível internacional.
E aí devemos salientar a prioridade pessoal e cultural dada às artes da dança e do bailado, mas com a ressalva bem positiva de que Tomaz Ribas foi sempre moderno, ainda é moderno, e sobretudo inovou com total prioridade no que respeita à dança, que encontrou nele o primeiro analista moderno.
As ligações a esta área foram e são inovadoras e prestigiantes, o que não significa uma menor qualidade de outras ações culturais: basta ver designadamente a sua obra como dramaturgo e como historiador e critico de teatro, englobando as expressões criativas da dramaturgia em si mas também do ensino, da direção cultural e da representação e animação da cultura ligada ao espetáculo e à intervenção pública e para o público.
Esteve no Conservatório Nacional: mas é sobretudo no Teatro Nacional de São Carlos que exercerá amplamente uma atividade diretiva que comporta a dimensão didática cultural junto do público. No seu tempo, cada vez mais se “abriu” o TSNSC a manifestações de cultura diversas e ao público correspondente.
Muito contribuiu aí para alargar e democratizar, seja permitida e compreendida a expressão, o Teatro que durante décadas esteve sobretudo vocacionado para uma atividade que não se questiona na qualidade em si, mas que se questionou e muito no âmbito socio-cultural e na seletividade da produção, sobretudo internacionalizada.
Tomaz Ribas foi efetivamente historiador, crítico, professor, divulgador, diretor de produção mas também responsável, e não poucas vezes, pela direção de entidades públicas e privadas de intervenção artística e cultural: no bailado, no teatro, na literatura, na critica e análise, na investigação e divulgação cultural.
E isto, abrangendo, dentro desta dimensão de cultura, desde as entidades de ensino superior às instituições e programas de pesquisa e divulgação histórica e artística, passando simultaneamente ou alternadamente por umas tantas mais e outras, num trajeto que se identifica sempre com a modernização criativa da arte e da cultura portuguesa.
Esteve ligado a companhias e salas experimentais que marcaram época: Teatro Estúdio do Salitre, Páteo das Comédias, Teatro Experimental de Pedro Bom, e a outras companhias e movimentos de renovação e modernização do teatro português.
Veremos em próximo artigo a sua intervenção crítica e criadora nas artes do espetáculo e a repercussão que ainda hoje se deve assinalar.
DUARTE IVO CRUZ