O POETA DA BOLA
No segundo incerto
A certeza que segura no respirar e no olhar
Suspenso e unânime dentro de si e iminente
E já subindo o impossível na aresta viva de um conseguir
Apertados que estão todos os sonhos trabalhados à exaustão
De encontro aos ásperos pilares das inúmeras barragens
Eis a vida cumprida no golo que é naquele momento
O que lhe resta, livre, altivo, humano
E Cristiano
Num coro de milhões é um sinal aos homens
Que desde as suas profundidades inimagináveis
Se podem encontrar numa fulguração indizível
A tal ponto inatingível que o conseguem
E chegarão à verdade
Até onde sem palavras o riso franco, feliz
Aberto de par em par
Se nos oferece
E eis o poeta da bola no pé
A desvendar-se desde sempre e neste agora
Um diamante de menino que cria
A sua poesia - possante abraço
Que tudo alaga e nos corre
Por dentro
Ligando coisas que não sabemos
Teresa Bracinha Vieira
Junho 2018
P.S. Já tenho escrito sobre Cristiano Ronaldo, tentando interpretar o seu saber crescer. Hoje gostaria que a minha bandeira fosse este poema que lhe ofereço à custa de sempre o ter entendido como entendo o mar: uma ilha, uma fruta onde ferve a vida espessa já que só é espessa a vida que se desdobra em mais vida, tal como a flor é mais espessa que a fruta e o dia se adquire a cada dia.