TEATROS E CINETEATROS DE CAMILO KORRODI
Temos aqui referido as intervenções criativas ou reformuladoras de Ernesto Korrodi (1870-1944) no âmbito da arquitetura de espetáculo, área onde se notabilizou inclusivé pelo pioneirismo de tantos projetos e edificações de teatros e cineteatros, e em que, entre outras mais, marcou significativamente a renovação da infraestrutura e da ação cultural de espetáculos em todo o país.
E também já assinalamos que essa área, à época mais do que hoje extremamente significativa no ponto de vista da descentralização cultural e artística, foi também marcada pela atividade do filho de Ernesto, o arquiteto Camilo Korrodi (1905-1985). Como sabemos, ambos portugueses, o pai nascido em Zurique mas vindo estudar para Portugal e naturalizado português ainda estudante, o filho já nascido em Portugal, onde fez toda a sua carreira de arquiteto também relevante na renovação da infraestrutura de espetáculos.
O nome dos dois Korrodi fica pois ligado a edifícios de espetáculo em Nazaré, Pombal, Castelo de Vide e Alcobaça: mas será neste Cine –Teatro, inaugurado em dezembro de 1944, que se assinala sobretudo a colaboração e continuidade de ambos nessa área tão peculiar. E mais: a evolução da arquitetura e tecnologia de espetáculo dos teatros para os cine-teatros bem se exemplifica neste projeto, derradeiro para o pai, primeiro autónomo para o filho, numa colaboração que obviamente não se cindiu a esta érea muito específica da arquitetura de espetáculo.
Citamos a propósito o estudo sobre Ernesto Korrodi da autoria de Lucília Verdelho da Costa e o exemplo de colaboração entre pai e filho que cita na área de arquitetura e construção destinada ao público, mesmo que não seja de teatro.
Mas o exemplo aplica-se, por razões óbvias.
Em “Ernesto Korrodi – 1889-1944 – Arquitetura, Ensino e Restauro do Património”, Lucília Verdelho da Costa refere-as especificamente, a propósito de um outro tipo de edifício público mas numa abordagem que se pode evidentemente generalizar todos os serviços/projetos funcionais e até entre ele os Teatros:
“A fachada e os interiores do Café Imperial (Av. Dos Aliados, Porto), com uma decoração assumindo valores geometrizantes mais próximos da Art Déco, ou ainda outras obras de pendor mais modernizante, traduzem já a colaboração com o seu filho, o Arquiteto Ernesto Camilo Korrodi, sobretudo a partir da segunda metade da década de 30”. (in “Ernesto Korrodi - 1889-1994 – Arquitetura, Ensino e Restauro do Património”, Editorial Estampa 1997 pág.296).
Em próximos textos, prosseguiremos a referência aos teatros dos Korrodi.
DUARTE IVO CRUZ