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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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OS 40 ANOS DA REINAUGURAÇÃO DO TEATRO D. MARIA II

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Evoca-se neste artigo o incêndio que, em 2 de dezembro de 1964, quase destruiu o Teatro de D. Maria II e a reinauguração do Teatro, em 11 de maio de 1978, num espetáculo dirigido por Francisco Ribeiro. Vem tudo isto a propósito da evocação, pormenorizadamente descrita no livro recente da autoria de Ana Sofia Patrão, precisamente denominado «Francisco Ribeiro / “Ribeirinho” – O Instinto do Teatro» (ed. INATEL e Guerra e Paz), onde se descreve toda a carreira e a obra grande deste valor referencial da cena portuguesa.

 

Recordo então um texto que na altura escrevi, pois foi-me permitida a visita ao edifício no próprio dia do incêndio e solicitada uma nota. Cito:

“Com alguma dificuldade (ainda se percebiam focos de incêndio) consegui assumir ao buraco de um resto de camarote; e assim foi-me fácil entender o caráter brutal da destruição. O palco, visto da sala, nada mais mostra de que uma estrutura negra - e a sala, vista mais tarde do palco, completa no caos o panorama desolador. Há aspetos absolutamente irremediáveis, como o teto que Columbano não pode reconstituir. Há também, de certo modo, a quebra de uma linha secular, consubstanciada no edifício, que uma vez reconstruído, não será exatamente o mesmo. E há, sobretudo, um grande desalento e um grande espanto, nascidos da surpresa e do contraste entre a harmonia admirável e a ruína dos escombros”.

E o texto que me foi então solicitado prosseguia no mesmo tom... 

Felizmente as coisas acabaram por se recompor!

 

Iniciam-se obras de restauro, e em 1976, recorda o livro de Ana Sofia Patrão, o Governo então chefiado por Mário Soares constitui uma Comissão Instaladora destinada a proceder ao concurso de reabertura do Teatro de D. Maria II: e dessa Comissão, presidida por Lima de Freitas, fazia parte o próprio Francisco Ribeiro como representante do Conselho Sectorial de Teatro da Secretaria de Estado da Cultura.

 

O processo foi lento, como seria de prever. A própria designação do Teatro seria discutida, acabando por se aprovar uma solução conciliatória -  Teatro Nacional de D. Maria II – Casa de Garrett: justa homenagem a quem tinha conduzido o processo da construção do Teatro, a partir de um projeto de Francesco Fortunato Lodi que aliás foi em termos gerais reconstituído depois do incêndio – isto, evidentemente, sem incluir o teto de Columbano que Matos Sequeira reporta a obras executadas em 1861.  

 

Em 11 de Maio de 1978, há 40 anos, é (re)inaugurado o Teatro Nacional de D. Maria II   com o “Auto de Geração Humana” de Gil Vicente e “O Alfageme de Santarém” de Garrett, “em homenagem a um dos patronos da instituição, encenado por Francisco Ribeiro”, diz-nos Ana Sofia Patrão no livro citado.

 

Ribeirinho ficaria ainda ligado ao TNDM II durante mais dois anos, em diversas funções orgânicas, mas sempre marcando a ação com o talento, a qualidade e o prestígio que foram seu apanágio.

 

E voltaremos a este livro e à evocação da vida e obra de Francisco Ribeiro.

 

DUARTE IVO CRUZ