Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

LIVRO E EXPOSIÇÃO SOBRE ALMADA NEGREIROS

mw-680.jpg

 

A Câmara Municipal de Tavira e a Fundação Calouste Gulbenkian apresentam no Museu Municipal - Palácio da Galeria uma exposição subordinada ao tema “Mulheres Modernas Na Obra de José de Almada Negreiros”. Desde logo se saliente o interesse da iniciativa e a qualidade da mostra, que reúne um conjunto relevante de obras de Almada, aqui devidamente expostas, analisadas e documentadas num livro onde, além de estudos e documentação importante e pouco conhecida no conjunto, representa acervo notável de reproduções de numerosas obras exemplarmente documentadas por textos e escritos diversos do próprio artista evocado e homenageado.

 

Na introdução do livro, sobre a obra de Almada, salienta-se um conjunto de textos e estudos introdutórios de Jorge Botelho, Presidente da Câmara Municipal de Tavira, de Isabel Mota, Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, de Jorge Queiroz, Diretor do Museu Municipal de Tavira e de Mariana Pinto dos Santos.

 

E seguem-se centenas de reproduções de obras de Almada Negreiros, devidamente “ilustradas” e enquadradas por textos do próprio Almada.

 

Porque Almada Negreiros é como bem sabemos um extraordinário artista plástico, um excecional dramaturgo, um notabilíssimo escritor: e tudo isto surge devidamente documentado neste vasto e notável livro-catálogo da exposição.

 

Evidentemente, o que mais sobressai na exposição e no livro é a reprodução do conjunto das pinturas e desenhos de Almada. Mas aqui, queremos sublinhar também os textos que convertem o catálogo numa verdadeira antologia da obra escrita de Almada Negreiros.

 

Salientamos então algumas referências a peças, a teatro e a cinema, a espetáculos, feitas pelo próprio Almada Negreiros e reproduzidas no livro:

 

«Deixa-me passar! Tira-te da minha vida! Já viram isto? Sentinela à vista! Toda a vida sentinela à vista! O meu íntimo devassado!» (in “Deseja-se Mulher”)

 

«De uma vez num passeio, o arco-íris foi quadrado até ao fundo dos raios x para lá do cavalo transparente numa continuidade cinematográfica contornando a apologia feminina sagradamente epiléptica em SS de cio todo realce e posse de reflexos.» (in “K4 O Quadrado Azul”).

 

«Uma noite encontrou-a num cine. Ela não devia tê-lo visto. Seria uma boa ocasião de observá-la desprevenida. Ela porém era invariável.» (in “Vera”)

 

«Um dia “La Argentinita” entra em cena pelo mesmo lado que as outras, faz o mesmo que as outras fazem, dá as mesmas voltas, o sapateado, as castanholas, os couplets, e tudo é diferente, saudável, genial. Nós ficamos com a opinião de que a Espanha artista tem estado mal representada até à chegada triunfante de “La Argentinita”» (in DL- 17.02.1925).

 

E muitas mais são as citações, e muitíssimas mais as reproduções que tanto valorizam este livro, notável “catálogo” da exposição do Palácio da Galeria de Tavira.

 

E a Tavira voltaremos.

 

DUARTE IVO CRUZ