A CASA DA ÓPERA: DOIS LIVROS SOBRE O TEATRO DE LISBOA (I)
Referimos hoje dois livros que fazem a evocação histórica da chamada Ópera do Tejo, teatro inaugurado em Lisboa em 31 de março de 1755 e destruído pelo terramoto de 1 de novembro do mesmo ano.
Há uma larguíssima bibliografia sobre essa tragédia e sobre as consequências imediatas e as políticas de recuperação e restauro urbano. Mas no que se refere especificamente à Ópera do Tejo, citamos então hoje os dois estudos: “Os Nove Magníficos - Os Grandes Reis da Nossa História” de Helena Sacadura Cabral (ed Clube do Leitor – 2017) e “Ressuscitar a Ópera do Tejo – O desvendar do Mito” de Aline Gallasch-Hall de Beuvink (ed. Caleidoscópio - 2016).
Ambos são de excelente qualidade. E em ambos encontramos descrições do edifício do Teatro, sendo certo que o livro de Aline comporta uma análise descritiva obviamente mais desenvolvida, até porque o livro de Helena Sacadura Cabral abarca os reinados de nove Reis de Portugal, a começar pelo fundador D. Afonso Henriques e a encerrar em D. Carlos, num período que vai de 1109 a 1908.
Mas mesmo assim: transcrevemos a referência detalhada à Casa da Ópera feita por Helena Sacadura Cabral.
Começa por referir que “contrataram-se tenores, compositores, músicos, cantores, pintores, de cenários, entre outros”. E acrescenta:
“Algumas descrições sugerem que a dita casa possuía um palco muito grande, em oposição ao espaço reservado à assistência que seria reduzido. Espaço de demonstração do poder, também aqui aconteceriam as disputas na precedência dos lugares que cada um ocupava e que mais não eram do que o sinal do seu estatuto na hierarquia dos poderes” (pág. 203).
O certo é que o terramoto, para alem da imensa tragédia em si, conduziu a situações existenciais com implicações socio-urbanas que durante décadas se fizeram sentir.
E o que diz a este respeito o livro de Aline Gallasch-Hall de Beuvink? Vamos ver em próximo artigo.
DUARTE IVO CRUZ