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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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OS TEATROS NA VIDA E OBRA DE TOMÁS DE MELLO BREYNER

 

Referimos hoje um livro muito recente que cita e descreve, na perspetiva histórica e biográfica, numerosos teatros da transição dos séculos XIX/XX. “Thomaz de Mello Breyner” se intitula o livro, da autoria de Margarida de Magalhães Ramalho, e o subtítulo sintetiza o muito vasto âmbito do estudo: “Relatos de uma época do Final da Monarquia ao Estado Novo”, num total de 688 páginas (ed. IV).

 

E efetivamente, a partir da biografia de Mello Breyner, deparamos com uma vasta e excelente análise histórica e cultural que também abrange a dramaturgia e o espetáculo teatral deste vasto e complexo (é o menos que se pode dizer!...) período da história e da cultura portuguesa, no que teve de bom, de menos bom e de mau.

 

Sem obviamente se entrar aqui nos aspetos histórico-políticos desta biografia, importa salientar a vasta evocação da vida cultural e teatral da época, com referências aos numerosos teatros e espetáculos que marcaram a cultura e, com os limites bem conhecidos, a sociedade portuguesa. E nesse aspeto, no que toca ao teatro e aos teatros, o livro contém e desenvolve uma vasta e muito qualificada informação, tanto de teatros-salas em si, como, em tantos e tantos casos, dos elencos e repertórios, e isto tanto em Lisboa como no resto do país – sendo certo que a concentração da vida teatral era ainda bem mais acentuada do que hoje!

 

E nesse aspeto, vale a pena referir as principais salas de espetáculo evocadas no livro: desde logo os Teatros de São Carlos e de D. Maria II, mas também o São Luís com as sucessivas designações que ao longo do período foram-lhe atribuídas: Teatro Dona Amélia, Teatro República. E também o Coliseu, o Teatro do Príncipe Real, o Teatro da Trindade, o Politeama, o Teatro do Ginásio, o Tivoli, o Teatro da Assembleia...

 

Os mais citados são o Teatro de São Carlos e o Teatro de D. Maria II. E é de ressaltar que a amizade de Thomaz de Mello Breyner com Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro vinha de muitos anos. Em 1921 Mello Breyner recebe-os na sua casa da Granja: “chegaram aqui para almoçar e cá ficaram hospedados o ator Robles Monteiro e sua mulher Amélia Rey Colaço (filha do pianista e meu amigo Alexandre Rey Colaço). À noite representaram no teatro da Assembleia a comédia Sonho de uma Noite de Verão”.

 

Diz-nos Margarida de Magalhães Ramalho, Mello Breyner não assistiu ao espetáculo. Mas cita-o: “estou triste.  Nada sei do que vai pela política do país e ainda menos pelo estrangeiro. Nem sequer leio os jornais. Só me interessam livros que tratam de ciência ou então do que se passou há muitos anos, mesmo há muitos”. (pág. 402). 

 

Voltaremos então a este livro.

DUARTE IVO CRUZ