A CURA VEM DE DENTRO
O sentido de alguma coisa está na sua relação com outra coisa: o Brexit é uma significação? Um conteúdo?, face a?
Que se interpretem estas minhas palavras como mero desabafo face à realidade do Brexit, sem qualquer pretensão de com elas dar a conhecer, mais do aquilo que mendiga, este «écran-circo» que, para mim, eleva a voz da absurdidade, num mundo tão carecido de pontes e de uniões, de conhecimento e de culturas, para que se inicie um travão, pleno de conduto, ao sofrimento e à desigualdade que vêm impondo como caminho único, o destino dos homens.
Tenho dito muitas vezes que esta Europa para ser a Europa de um sonho, ela teria de ser melhorada desde o seu nascimento. Ela teria de ser aperfeiçoada, e aperfeiçoada desde o momento que, começou a agredir o seu próprio povo e a abster-se de saber mais do resto do mundo do que o código de barras que a maioria das notícias lhe leva a casa.
A partir do exato segundo em que os seus cidadãos se apressaram a convocar a U.E. apenas para aumentar a rentabilidade dos seus discursos, verdadeira galeria de seivas mercantis, aceites para encobrir o núcleo para onde escorrem a fim de contaminarem o sucesso da Europa, eis que se aponta o dedo a uma Europa de luz trémula como se a multidão que a compõe não constituísse muito da aparência sem essência, ora olhando representações de saque, ora restando-lhe desejados cenários de impunidade.
Então pergunto: será que o discurso de hoje não é também uma maneira de romper com o diálogo e fugir assim às responsabilidades não assumidas?
Vejo o Brexit como se naquela G.B. ninguém quisesse saber da importância das relações internacionais, num mundo globalizado. Como se naquele parlamento não existisse consciência de que as instituições internacionais se relacionam na ótica unida de espelharem soluções maturadas e não conflitos acanhados, como se esse fosse o cenário preferível, ao aperfeiçoamento desta U.E. numa terminologia internacional.
A União Europeia está a lidar com grandes desafios políticos como a crise dos refugiados e a própria zona euro. Não se nega que existem descontentamentos, mas o populismo e o nacionalismo que suscitam o lixo em tantas realidades no mundo que nos cerca, não renunciam à destruição dos valores fundadores da U.E. enquanto meta-mercadoria que se ajusta à guerra num jogo trágico que nada detém.
É preciso estarmos mais atentos a certos países da U.E., mas, se o Reino Unido entender que pode decidir sozinho uma realidade de relações internacionais com consequências globais, é para mim, atitude tão míope, tão corrodente à sua própria realidade que, estou convencida de que estes não são os seus interesses sequer. Mais insegurança, maior desprezo por aqueles que já estão em pior situação e que serão os mais afetados, numa zona de estulta xenofobia e racismo, não gera apetência por uma sociedade internacional vizinha da solidariedade.
Aquilo a que tenho assistido, parece similar ao sentir de um país que no voto do Brexit assume um ato de quem parece nunca se ter acertado com seu próprio passado. Se é certo que qualquer país pode abandonar a U.E. como é possível que tenha sido a G.B, que submete a referendo essa decisão, depois de uma discussão tão pobre que, por óbvio, teria sido melhor resolvida se o tema tivesse sido menor e mais específico e com real desejo de ser obtido e não com real desejo de teatro político a conquistar os pequenos poderes que somados até a Irlanda esquecem.
Os dias correm tristes. Se este é o mais grave desafio do Reino Unido depois da Grande Guerra, pois que Theresa May revele a tolerância com que a U.E. tem tratado a G.B. nestas negociações inerentes ao Brexit, e, não faça crer que as atmosferas alteradas que enfrenta, são pelo grande motivo das negociações do Brexit, antes esclareça que se o sentido de alguma coisa está na sua relação com outra coisa: o Brexit é uma significação? Um conteúdo?, face a?, Sra. Theresa May?
Que eu saiba a cura vem de dentro.
Teresa Bracinha Vieira