OS 20 ANOS DO CENTRO DE ARTES DE ESPETÁCULO DE VISEU
Assinala-se o 20º aniversário do Centro de Artes de Espetáculo de Viseu, com uma exposição no hoje já histórico Teatro Viriato. Histórico porque retoma uma tradição de salas de espetáculo com qualidade e continuidade.
E sem querer retomar considerações que já há longo tempo aqui fizemos, há que registar e aplaudir essa celebração, que denota e amplamente documenta uma política de descentralização de cultura e de espetáculo que, neste caso concreto, mantém há duas décadas, uma tradição que vem do século XIX.
Como já aqui se referiu, este Teatro Viriato terá sido fundado em 1883, com o nome menos característico, de Theatro da Boa União. Mas em 1889 passa a denominar-se como hoje, homenagem a uma tradição histórica e teatral.
E como já oportunamente evocamos, o Teatro Viriato sofre, a partir de 1921, uma rivalidade local: um chamado então Avenida Teatro. E as consequências não se fazem tardar: o Teatro Viriato entra numa fase de decadência, agravada paradoxalmente, na época, pelo próprio desenvolvimento da cidade, que tornava cada vez mais tentadora, a demolição para rentabilização urbana.
E de tal forma que no início da década de 60 o Teatro Viriato encerrou. Mas em boa hora não foi demolido. Serviu, até 1985, como armazém de mercadorias!...
Nesse ano, Ricardo Pais inicia a recuperação do Teatro Viriato para comemorar o centenário de Aquilino Ribeiro. E já tivemos ocasião também de referir que o grande escritor não se dedicou especialmente à criação dramatúrgica, antes pelo contrário: apenas duas peças, “Tombo no Inferno” (1920) e “O Manto de Nossa Senhora” (1962). Em qualquer caso, as comemorações de centenário de Aquilino impulsionaram a recuperação do Teatro Viriato.
Repita-se: o Centro de Artes de Espetáculo de Viseu comemorou 20 anos. E dessa forma se assinala agora a continuidade de uma sala e de uma atividade cultural que merece destaque.
Mérito também da Câmara Municipal de Viseu.
DUARTE IVO CRUZ