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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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REFERÊNCIAS A ESPAÇOS DE ESPETÁCULOS VICENTINOS

 

Num livro muito recente encontramos a descrição e identificação de espaços de espetáculo teatral onde se estrearam e celebraram obras dominantes de Gil Vicente. Trata-se do estudo vasto e qualificado de Ana Isabel Buesco, sobre (e assim se intitula) “D. Beatriz de Portugal -  A Infanta Esquecida (1504-1538)” – ed. MANUSCRITO 2019.

 

Aí se efetuam efetivamente referências documentadas à construção, à expressão arquitetónica e à representatividade e atividade política e cultural do Paço da Ribeira, que D. Manuel I manda edificar a partir do início do século XVI, e onde Gil Vicente realizará, como autor e como intérprete, grande parte da sua obra dramática: trata-se assim de certo modo um dos grandes edifícios iniciáticos do teatro em Portugal, pese embora, evidentemente, os espaços que, desde os romanos, serviram de áreas de espetáculo, como aqui aliás temos evocado, e ainda os restantes edifícios, incluindo não poucos onde o próprio Gil Vicente interveio.

 

Nesse sentido, encontramos Paços, Igrejas e espaços variados onde Gil Vicente apresenta os seus textos e espetáculos, na Corte e/ou nas Igrejas, um pouco por todo o país. Citamos a propósito Marques Braga, no prefácio às Obras Completas de Gil Vicente, editadas nos aos 50 na sempre referenciável Coleção de Clássicos Sá do Costa (vol. I):

 

«A época da sua atividade dramática decorre entre 1502 e 1536. Durante trinta e quatro anos, encontramos a colaboração vicentina nas festas reais dos Paços da Ribeira, do Castelo, de Santos-o-Velho, e, fora de Lisboa, nas deslocações da corte, acompanhando as transformações sociais provocadas pelos Descobrimentos. A corte não teve um dia de nascimento ou de casamento ou de facto importante a celebrar em que não pedisse uma peça a Gil Vicente» (pág. XIV).

 

Por seu lado, Ana Isabel Buesco, no seu estudo acima citado, descreve a opção de D. Manuel I no que respeita à construção do novo Paço da Ribeira. Escreve designadamente que «com esta decisão, o monarca fazia descer a nova morada régia do alto da colina para a zona ribeirinha da cidade, implantando-a e articulando-a com a Lisboa dos tráficos marítimos e da mercancia, no âmbito de um verdadeiro “programa” também ideológico e político de reestruturação urbana da primeira cidade do país» (pág. 39)

 

A verdade é que o primeiro espaço especificamente vocacionado para o espetáculo  público surge em Lisboa em 1590 por iniciativa do empresário castelhano Fernão Dias de la Torre, que constrói  o chamado Pátio das Arcas, na zona que é hoje a Rua Augusta,  e isto mediante autorização do Hospital de Todos os Santos!...

 

 

DUARTE IVO CRUZ