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Blogue do Centro Nacional de Cultura

Um espaço de encontro e de diálogo, em defesa de uma cultura livre e pluridisciplinar. Estamos certos de que o Centro Nacional de Cultura continuará, como há sete décadas, a dizer que a cultura em Portugal vale a pena!

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REFERÊNCIA AO TEATRO LU.CA REMODELADO

 

Em 2017 assinalámos aqui a fase de recuperação que na altura se teria iniciado no Teatro Luís de Camões, hoje Teatro LU.CA, na Calçada da Ajuda em Lisboa, referindo com destaque o historial da pequena sala de espetáculos que, nesse aspeto, de certo modo iniciava todo o movimento, hoje bem pujante na relatividade, nos novos Teatros. Com a ressalva do historial deste que vem de finais do século XIX, inaugurado que foi em 10 de junho de 1880, com a peça de Casimiro de Abreu, “Camões e o Jau”, no quadro das comemorações do terceiro centenário da morte do poeta. 

 

A iniciativa ficou a dever-se a um comerciante de nome João Açúcar. Em 1899 sediou o chamado Belém Clube. E tal como escrevemos, a sala, não obstante a limitação de espaços, nesse aspeto aliás notavelmente percursora, manteve a capacidade arquitetónica e de exploração de espetáculo social da época: plateia, frisas, camarotes, tribuna, mas tudo adequado à dimensão do que hoje se denomina teatro de bolso.

 

 Em qualquer caso, o Teatro é adquirido em 1967 pela Câmara Municipal de Lisboa, mas esteve mais ou menos fechado durante anos, até que em 2015 se iniciam obras e em 2018 é reinaugurado com a designação bem atual de Teatro LU.CA, paráfrase do nome original, agora numa vocação de teatro infanto-juvenil.

 

E a reabilitação arquitetónica é marcada por uma recuperação modernizante de estruturas originais, entretanto prejudicadas por sucessivas adaptações. Essa reabilitação, orientada pelos arquitetos Manuel Graça Dias e Egas José Vieira, concilia o estilo oitocentista original sobrevivente com uma modernização da exploração do espetáculo, sobretudo, insista-se, vocacionado para o teatro infantojuvenil. E talvez a mudança nesse aspeto mais relevante será a abolição das portas dos camarotes, o que torna bem mais acessível o acesso, bem diferente da tradição oitocentista.

 

E de facto, o Teatro LU.CA está diferente do Teatro Luís de Camões, mas nem por isso deixa de manter a tradição arquitetónica de espetáculo. Ao contrário de tantas e tantas salas que, por esse país fora, foram desaparecendo!

 

 

DUARTE IVO CRUZ