COLÓQUIO SOBRE TEATROS E DRAMATURGOS PORTUGUESES
Irei participar num colóquio organizado na SHIP–Palácio da Independência, no qual se referirá a dramaturgia de autores contemporâneos, designadamente Luís Francisco Rebello, Natália Correia, Bernardo Santareno, Romeu Correia e Jaime Salazar Sampaio: um enunciado de dramaturgos que marcaram a renovação do teatro português ao longo do século XX e que de uma forma ou de outra constituem, no seu conjunto, o mais marcante movimento de modernização da dramaturgia e do espetáculo.
Efetivamente este grupo de autores representa os diversos cânones e movimentos de modernização do teatro português, no ponto de vista de produção dramatúrgica, de estudos de história e de estética de texto e de espetáculo, e, por óbvia inerência, de atividade e de cultura cénico-literária.
E mais: insistimos, no seu conjunto estes autores constituem como que a modernização da literatura dramática portuguesa do seculo XX, a partir de um movimento de renovação que enfrentou, como bem sabemos, dificuldades, incompreensões e reação.
E no entanto, estes autores e outros mais ou menos seus contemporâneos, representam o movimento de renovação do teatro português, mas mais do que isso: envolvem, na sua criatividade e atividade, tomadas de posição bem difíceis, mas nem por isso – ou talvez por isso mesmo – muitas vezes não assumidas. E isto, num conjunto notável de capacidade de produção.
Haverá assim ensejo de passar em revista a obra dramatúrgica destes autores, tendo em vista a renovação e a independência que, em circunstâncias obviamente diferenciadas, marcaram a produção teatral da época, alargando aliás a análise e as referencias ao conjunto vasto e variado das respetivas produções, abrangendo a análise global das obras respetivas e relacionando-as com as condicionantes estéticas e politicas da época, e aí transcendendo em parte considerável as cronologias respetivas.
Pois efetivamente, o trabalho de criação por vezes prolonga-se por décadas: mas em geral, constituiu conjuntos dramatúrgicos e expressões de literatura de cena e de espetáculo que, tal como é evidente, transcendem qualquer tipo de limitação cronológica. Representam assim uma visão global, estética, cronológica e politica, no sentido mais abrangente do termo.
Não se pretende, aqui e agora, reproduzir o conjunto da intervenção programada: a seu tempo, iremos retomar o tema e analisar com destaque adequado as principais obras/autores, tendo presente que muitos deles não se restringiram à criação dramatúrgica. E iremos referir essa abordagem global, a partir deste conjunto de escritores que foram, repita-se, sobretudo dramaturgos.
E haverá ensejo de salientar também a internacionalização cultural e cénica daqueles que dessa forma valorizaram o teatro português.
DUARTE IVO CRUZ