A LÍNGUA PORTUGUESA NO MUNDO
XLVIII - NÃO AO COMPLEXO DE INFERIORIDADE LINGUÍSTICO (I)
A língua portuguesa surge como um fator de coesão e identidade.
Como elemento constitutivo e parte integrante de nós.
Esta factualidade comunga de uma caraterística de permanência inerente aos povos e países que a têm como idioma comum.
Daqui decorre uma estratégia possível começando, em primeiro lugar e por maioria de razão, nos seus falantes nativos.
O que implica, desde logo, dizer não à glossofobia, endo-glossofobia e ao complexo de inferioridade linguístico.
Se o princípio da igualdade das línguas impulsiona, por um lado, um sentido crescente de respeito pela diversidade cultural e linguística, em contrapartida o desenvolvimento e a globalização resultante desse intercâmbio estimula o glosso-centralismo e uma uniformização cultural e linguística.
Se essa predisposição (ou paixão) desmedida para centralizar (ou uniformizar) deixa que a nossa língua seja preterida por uma estrangeira em termos de estatuto, praxe ou por inércia, é dizer sim à glossofobia.
E é dizer sim à endo-glossofobia quando os falantes da língua contribuem, de modo acrítico e gratuito, para a sua discriminação pela negativa.
O que propicia um complexo de inferioridade linguístico.
O que sucede com uma percentagem significativa de portugueses que, consciente ou inconscientemente, têm um complexo de inferioridade quanto à defesa e salvaguarda da língua portuguesa.
Língua transnacional, transcontinental, transoceânica, de comunicação global, em crescimento e de vanguarda, terceira de génese europeia universalmente mais falada, quinta ou sexta à escala mundial, a mais falada no hemisfério sul, não faz sentido que, no presente ou a prazo, de forma expressa ou tácita, por consentimento, decisão ou por omissão, pactue com a glossofobia ou logofobia implícita.
O que é mais grave quando os próprios falantes revelam pelo seu idioma baixa consideração, poluindo a própria água que bebem.
18.06.2019
Joaquim Miguel de Morgado Patrício