AGUSTINA, DIRETORA DO TEATRO D. MARIA II
No artigo anterior, evocou-se Agustina Bessa-Luís nas funções de diretora do Teatro Nacional de D. Maria II, muito marcante nas temporadas de 1991 a 1993.
É certo que, na época como de certo modo ainda hoje, as funções não se confundem necessariamente com a direção das temporadas e com os repertórios e elencos respetivos: mas também é certo que antes ou depois daquele período, o prestígio de Agustina necessariamente marcaria não só a direção institucional e administrativa do Teatro em si, mas certamente também a atividade artística no que se refere à função cultural e operacional da empresa, a gestão administrativa do edifício como património do Estado e até, seja permitido dizê-lo, a tradição do prestigio cultural do Teatro Nacional de D. Maria II, designadamente quando dirigido por um escritor: tradição essa que vinha do tempo de Garrett...!
O certo é que de 1991 a 1993, o Teatro de D. Maria II marcou o meio cultural português pela sua atividade direta de grande e tradicional sala de espetáculos, mas também, simultaneamente, pelo nível de qualidade do repertório e pela atividade complementar, aberta a ações de cultura que transcendem a produção dos espetáculos em si.
É obvio que um Teatro, sobretudo do Estado exige um repertório em si mesmo qualificado e com uma dimensão de cultura, sendo certo que isso não obsta evidentemente à variedade dos espetáculos e à recetividade do chamado grande publico. Não deve ser nesse aspeto uma sala elitista, digamos assim: mas terá de ser uma sala qualificada. Na gestão de Agustina, foi o que ocorreu.
E de tal forma que, nas temporadas de 91 a 93, encontramos numerosos eventos que, para alem dos espetáculos da Companhia do Teatro em si, abrangem iniciativas de interesse cultural de âmbito interno mas também internacional.
Lembramos a esse respeito, designadamente mas não só, a realização de programas, exposições e debates integrados nos Festivais Internacionais de Teatro, a cooperação com companhias vindas do exterior, algumas de grande prestígio, e também a escolha de um repertório que simultaneamente apresentava tanto peças e espetáculos nacionais como estrangeiros: os já referidos Festivais Internacionais de Teatro, com exposições, ciclos de conferências e ateliers de cultura teatral e musica sobretudo ligados à função de cultura de um Teatro Nacional.
Recordamos então que foram numerosas as iniciativas determinantes da cooperação internacional do Teatro de D. Maria II durante a gestão de Agustina Bessa-Luís.
E nesse sentido, poderemos voltar ao tema.
DUARTE IVO CRUZ