NINGUÉM É INOCENTE
Oriundos de El Salvador!
Oscar e Valéria unidos
Pelo corpo e pela alma e por uma camisola
Que a ambos abraçava
Assim chegaram às correntes bravas do rio
Que lhes permitiria a aproximação ao justo sonho
À vida que seria sorriso, ouro, prata e verde
El Salvador? Que escuridão?!
Deixa-nos
Que vamos voar!
Então as flores deram-se as mãos em perfeita robustez
Pois o voo estava a ser um pássaro que não parte
E chamou-se nomes à dor, ao branco, ao amarelo-torrado das águas
E em pranto desesperado, encalhado, no acesso ao salvador
Mordido, sangrado, não asa, desfizeram-se as forças
Pai e filha
Doces ramos, definitivamente partidos, destruídos
Por um mundo todo que está morto
Enquanto o sol tomba
Em espanto ilimitado
Por nos ver, a nós, tão instantâneos, tão sem destino, tão sem memória
Tão terminados.
Teresa Bracinha Vieira