CRÓNICAS PLURICULTURAIS
33. VIAJAR EM CASA
Há quem esteja sempre a partir por mais viajado que seja.
E há as viagens que se suscitam na nossa imaginação quando ficamos em casa.
Há também a antecipação mental da viagem quando imaginamos coisas que propiciam a experiência que pretendemos realizar.
E há os objetos portadores de histórias e memórias de viagens realizadas que conservamos em casa, que não se esgotam na sua funcionalidade ou utilidade.
No lar podemos estar rodeados de toda a panóplia de haveres que potenciam e asseguram a antecipação e a recordação da viagem.
Antecipando a viagem com guias, impressos, livros, desenhos, gravuras, pinturas, postais ilustrados, fotografias, vídeos e filmagens de museus, monumentos, hotéis, praias, pesquisas via internet dos itinerários.
Ou evocando a viagem partilhando-a e recordando-a com lembranças da Europa, África, Américas, Ásia e Oceânia.
Há a realidade factual e virtual das viagens.
E as viagens que se suscitam na imaginação, em sonhos, tão gratificantes, quanto fantásticas, exóticas e sublimes.
Viajando em casa podemos partilhar e imaginar fotos ou filmes de coisas ou eventos belos e sublimes, mesmo que horrendos, como a erupção de vulcões ou tempestades no mar.
Não existe um sentido comum apreensível de viagem para todos.
Há quem por mais viajante que seja está sempre descontente e pronto a partir.
Há quem ache que a imaginação pode suprir virtualmente a vulgar realidade dos factos, viajando em casa.
13.09.2019
Joaquim Miguel de Morgado Patrício