OS TEATROS ROMANOS EM PORTUGAL
O “Público” e a editora “Tinta da China” publicaram 25 volumes, série intitulada “Portugal, um Retrospetiva”, dirigida por Rui Tavares e reunindo dezenas de autores, que analisam, numa visão retrospetiva, a evolução histórico-cultural do país abordada precisamente a partir do ano corrente (vol. 1) até ao ano 500 a.C.
Trata-se efetivamente de uma História factual e cultural da evolução na perspetiva do significado histórico, insista-se, mas no seu conjunto prospetivo da evolução do país e da especifidade da sua cultura. E é de assinalar a homogeneidade e coerência alcançada num programa que reúne, insista-se, dezenas de autores.
Ora, no que respeita às origens do teatro português - e não hesitamos em assim designar o temário numa época em que Portugal, como país independente, estava longe – assinala-se o estudo de Lídia Fernandes, autora do volume 24, sobre a criação e prática de teatro a partir a do ano de 57 d. C. na Lusitânia, e designadamente na “Felicias Iulia Olissipo”, origem da atual cidade de Lisboa. E é oportuno lembrar que o Teatro Romano ainda hoje constitui um espaço de produção de espetáculos de teatro. (coleção citada, nº 24, novembro 2019).
Lídia Fernandes evoca os primeiros trabalhos de localização do Teatro Romano, que remontam a 1798. Hoje musealizado, o Teatro Romano de Lisboa documenta de forma eloquente uma atividade sociocultural que merece o maior destaque.
E nesse aspeto, o estudo de Lídia Fernandes complementa de forma eloquente o que se sabe, e como se sabe, da tradição de espetáculo nas origens da cidade de Lisboa. Sem entrar em pormenores, há que referir designadamente alguns aspetos que merecem ampla consideração. E desde logo, a circunstância de que haverá, no prolongamento das obras de recuperação, muito ainda a recuperar.
Sem entrar em detalhes, evocamos aqui alguns aspetos desenvolvidos no estudo de Lídia Fernandes. Designadamente, e não entramos em pormenores, o que hoje se pode documentar é a própria dimensão do teatro no seu conjunto, e designadamente nas obras de recuperação e de renovação, ocorridas a partir do ano de 57 d. C., ano em que Nero impulsionou em Roma a atividade cultural, mas através de um anfiteatro de madeira.
Ora, “em Felicitas Iulia Olissipo o teatro sofria importantes obras de renovação precisamente nesse mesmo ano”. E mais acrescenta que “o ofertante das obras de renovação do teatro era um liberto, ele próprio concedendo a liberdade aos seus escravos, provavelmente na mesma ocasião em que inaugura a obra do monumento cénico”.
E só mais uma referência, esta de um livro da minha autoria.
Efetivamente, em “Teatros de Portugal” (2006), numa breve referência, assinalo que “o Teatro, datável da era de Augusto mas remodelado no tempo de Nero (século I) foi metodicamente vandalizado para aproveitamento da materiais na reconstrução da Baixa Pombalina. E só a partir dos anos 60 do século passado e mesmo assim com interrupções se procedeu à recuperação possível”...
DUARTE IVO CRUZ