CRÓNICAS PLURICULTURAIS

37. “QUEM NASCE LAGARTIXA NÃO CHEGA A JACARÉ”
É um ditado popular, entre nós, impopular em países como os Estados Unidos, onde há uma cultura apologista do self made man.
Mesmo em Portugal há “lagartixas” que chegaram a “jacarés”, como Amália Rodrigues, Eusébio e Cristiano Ronaldo.
Há no provérbio uma insuficiência de utopia, magia, sentido crítico, querer e poder fazer coisas mais criativas, funcionais e pragmáticas.
Porque sempre lemos pouco, dir-se-á, asfixiando a criação, a invenção, as ideias, a investigação, a ciência.
Sendo necessário regressar à leitura, não excluindo o paradigma das novas tecnologias.
Quiçá, dirão outros, pelo nexo de causalidade enclausurado entre o mar e Espanha, que tem peso, mas não exclui a importância do meio ambiente.
Com a omissão do passado não é viável compreender e falar do presente.
Não devemos abdicar do passado em que exportávamos ideias, tecnologia, ciência, cultura.
Daí que na Europa e história mundial estejamos bem representados no plano mental: navegadores, heróis, escritores, poetas, casamentos dinásticos, língua.
Mas não, hoje, no campo científico, da curiosidade, da invenção e investigação.
Exportamos essencialmente coisas.
E não predominantemente ideias, patentes, tecnologia, ciência, cultura.
Há, assim, que inverter a lógica resignada e subserviente da pequenez endémica da “lagartixa”, sem espaço nem mentalidade.
07.02.2019
Joaquim Miguel de Morgado Patrício